sexta-feira, 19 de junho de 2009

PROBLEMAS PARA RESOLVER



Num só texto vou-me referir a dois temas que, no fundo, estão intimamente ligados: o da chamada alteração de estilo que mostra agora José Sócrates, segundo alguns devido ao revês que sofreu o PS nas eleições europeias e à moção de censura que o CDS entendeu apresentar no Parlamento para obter não se sabe bem que resultado.
No que diz respeito à aparente humildade que o primeiro-ministro terá apresentado na entrevista dada na SIC, devo referir que, de facto, em relação a comportamentos a que nos habituara no que diz respeito à sua determinação de que só ele tem razão e que os outros, os adversários, andam sempre enganados, não se pode concluir daí que Sócrates terá feito um exame à forma como se apresenta sempre perante os cidadãos, sejam quais forem os motivos, pois a referida entrevista foi conduzida por uma jornalista que, ou estava já industrializada para não “apertar” excessivamente o convidado ou as condições impostas pelo político já impunham tais condições de o deixarem falar livremente.
Porque, há que referir que, ao contrário do estilo de Manuela Moura Guedes, que essa não põe questões mas faz afirmações e críticas, o que não é admissível num jornalista, esta perguntadora deu enorme margem de exposição dos seus pontos de vista, não fez trabalho e casa e, por isso, não foi capaz de pôr questões que obrigariam José Sócrates a mostrar se, de facto, adoptou um estilo novo de se explicar. E, sobretudo, nunca deixaria que o entrevistado alguma vez lhe pusesse a situação de “se me pergunta…”, pois que um jornalista de verdade logo diria que “peço desculpa, mas não antecipe perguntas que só eu faço…”
Enfim, não foi através deste trabalho jornalístico que se ficou a saber se o primeiro-ministro que temos já se encaixou num estilo que não se aproxima sequer da arrogância e do saber tudo.
A outra questão que ponho agora é a da moção de censura que o CDS entendeu dever apresentar no Parlamento, o que foi a demonstração perca de perca de tempo, pois eram sabidos de antemão os resultados de tal proposta política. E, com as eleições à vista, em que se adivinha que os resultados não serão os da repetição do passado escrutínio que colocou o PS em maioria, apenas uma demonstração de pretenso mediatismo e marcação de presença numa intervenção parlamentar que se sabia que era transmitida televisivamente, só isso poderá estar na base da iniciativa tomada por Paulo Portas, que é mestre em dar mostras de que está vivo, mesmo quando os resultados conseguidos em eleições não sejam de molde a lançar foguetes.
Eis-nos, pois, todos nós cidadãos portugueses, mais uma vez a aguardar que alguma coisa de importante ocorra na nossa vida política e não continuemos a marcar passo que, na situação actual, representa irmos perdendo cada vez mais posição de vencimento em relação à crise de todos os tipos que nos entram pelas portas dentro.

Sem comentários: