domingo, 21 de junho de 2009

DIZER MAL


Eu tive sempre uma grande preocupação durante a minha longa actividade jornalística, sobretudo depois da Revolução, pois antes lá estava a Censura para aplicar o seu lápis vermelho, em não referir demasiado explicitamente as faltas de figuras públicas, especialmente até as políticas, para dar margem às defesas próprias a que têm direito os visados, se bem que, como também tenho afirmado, quem se apronta para sobressair no quadro que se encontra, fica disponível para sofrer as consequências das opiniões diversas e não se pode queixar se existem pontos de vista que não são os que os próprios gostariam de receber. Mas, em todo o caso, há sempre que deixar uma margem e não ir ao fundo em ataques, sobretudo se se trata apenas de uma opinião pessoal ou se, nos casos de acusações mais directas, não existem entretanto provas irredutíveis daquilo que se afirma.
Está neste caso e no que se refere ao meu blogue, a situação conhecida por Freeport, pois, enquanto não existir uma acusação fundamentada em relação a José Sócrates, não me julgo capacitado para assumir esse papel de julgador pois tenho de me colocar na minha posição que é a de comentador. Assim procedi enquanto tive a responsabilidade de dirigir órgãos de informação e sempre exigi dos jornalistas sob minha responsabilidade que não utilizassem a sua opinião pessoal e a sua tendência política para redigirem os seus textos e conduzirem entrevistas.
Nos tempos que correm verifica-se, no que se refere a alguns jornalistas, um vago cumprimento desta regra que, quando comecei há cerca de 50 anos, me foi incutida por mestres que marcaram pela sua passagem na carreira tão difícil e que é essa de transmitir notícias e conhecimentos de uns para outros. E isso sem faltar à verdade, por muito que custe aos profissionais, por terem a tentação de informar que as coisas correm de outra maneira.
Este um desabafo que vem a calhar numa altura em que acabaram de se realizar umas eleições e caminhamos para outras ocasiões em que se vão defrontar, de novo, partidos políticos que são mais do agrado uns do que outros.
Impõe-se grande sentido de independência e cumprimento escrupuloso dos princípios democráticos, não só aos oficiais da informação mas também a todos os cidadãos, pois que estes só têm a ganhar se, depois de 35 anos de prática deste tipo político, derem algumas mostras de que não nos encontramos assim tão distantes do que a Europa necessita com urgência e em que cada País deve fazer os seus próprios esforços para contribuir no sentido de fortalecer a maneira livre de actuar no Continente.
O ideal nem sempre se consegue na vida. E, independentemente de gostos políticos, para uma Nação que tem de defrontar problema complicados, é sempre preferível que o Governo que teve a responsabilidade de conduzir um País, se se portou bem, isto é, se o seu saldo tiver sido positivo, que esse conjunto se mantenha, para conseguir concretizar o que se considera ser o menos mau. Mas não foi o caso que ocorreu connosco, temos que concordar, o seu Chefe não soube entender o que são prioridades e não soube ouvir as opiniões dos outros, mesmo os que pertencem a grupos políticos diferentes e, por isso, neste momento, o mais natural é que sofra as consequências de tal atitude.
Ele não perde muito, para além do ordenado de primeiro-ministro (isso se não tiver já, debaixo de olho, assim como os membros do seu Executivo, lugares chorudos à espera). Mas, se houver quwe encontrar novo Governo, é Portugal que tem de voltar ao princípio, ou seja estudar tudo de novo e a sofrer os custos que isso implica.
Mas sempre é preferível isso, do que continuar-se na má direcção.

Sem comentários: