segunda-feira, 22 de junho de 2009

NAMOROS



Agora, que estamos já em pleno Verão e em que o calor surgiu em sua plenitude, não existindo, na maior parte dos portugueses correntes, uma preocupação de tipo político, como seja a responsabilidade de ter de ir votar nos próximos dias e, mesmo que tal houvesse, o que chama mais a atenção são casos do tipo Cristiano Ronaldo, onde está, o que faz e com quem namora, a camada populacional que dá nas vistas, por este ou por aquele motivo mesmo que não seja de grande valor a razão, interessa-se sobremaneira sobre temas que, para quem coloca em segundo plano os problemas que têm forçosamente que assustar Portugal, por se tratarem de imagens do que acontece já hoje mas, sobretudo, do que ocorrerá num futuro, próximo ou mais distante, com consequências que, mesmo que previsíveis, o optimismo de muitos não deixa que os apoquentem, essa camada de cidadãos dedica a sua atenção a situações que, só através de análises de peritos psiquiátricos, poderão ser entendidos profundamente.
Eu explico. Talvez numa atitude que se pode considerar, no meu caso, de punição própria, uma espécie de masoquismo, resolvi, neste fim de semana, fornecer-me de umas tantas publicações, semanais e diárias, que se ocupam dos amores e desamores de umas tantas figuras de jovens e nem por isso que, no mercado que lhes é oferecido, beijam, namoram, desnamoram casam, descasam, pertencem agora a uns e umas que já andaram com outros e outras, que se falam ou estão de relações cortadas, que vaio de férias juntos para aqui e para ali, enfim, uma série de consideradas “notícias” que, vistas bem as coisas, até têm consumo e conseguem vender papel…
E o mais curioso é que, na maioria das situações, nem eu e até quem está ao meu redor e até acompanha mais estes problemas conhecemos os indivíduos, eles e elas, que vêm referidos em tais ditos noticiários. E, quando são acompanhados de fotografias, elas, sobretudo elas, aparecem retratadas, quase sempre, ou em fatos bonitos de se verem ou, melhor ainda, em corpos bem exibidos com a menor roupa possível.
Numa rápida passagem por essas publicações que, pelos vistos se vendem bem, apanhei os seguintes títulos: “Carla Matadinhio deu o primeiro beijo aos 13 anos”, “Patrícia Tavares foi madrinha de casamento de Simão e Zé Pedro declarou-se à ex-mulher de Sousa Tavares”, “Mário Esteves andou com Cinha depois de se ter envolvido com Elsa Raposo”, “Depois do casamento com Penim, Clara de Sousa namorou com Ricardo Oliveira e André Marques”, “Isabel Figueira casou com César Peixoto, que hoje namora com Diana Chaves”, “Antes de casar com Fernanda Serrano, ex-de Terruta, Pedro Miguel Ramos casou-se com Bárbara guimarães, que hoje é casada com Miguel Maria Carrilhe”, “Marta Leite Castro tem uma filha de Leonel Vieira, o ex- de Mafalda Pinto”. E mais, muito mais que não cabe aqui neste espaço, nem vale a pena referir porque não estou a dar nenhuma novidade a ninguém.
É evidente que não fere em nada os meus escrúpulos tomar conhecimento das aproximações e do voltar de costas que ocorrem por aí. Esta é a vida que hoje se leva e cada um sabe de si. Agora, o meu espírito jornalístico, aquele que eu considero o autêntico nesta profissão, é que me deixa perplexo. Então estes casos, assim tão vulgares, são, de facto, notícia? Quando antes se dizia na classe que, se o cão mordesse o homem, não havia que noticiar, agora se era o homem que mordesse o cão, então sim já se justificava ocupar um espaço na publicação a que se estava vinculado, quando era assim antes não posso deixar de me inquietar quando andam por aí tantos assuntos que acabam por morrer por falta de interesse dos jornalistas e se perde tanto tempo com mesquinhezes…
Por estes dias referir-me-ei à situação Casa Pita, que se arrasta desde 2003 e também ao que está a acontecer agora no Irão. Ou será que isso são acontecimentos menores?...

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