quarta-feira, 17 de junho de 2009

ALTA VELOCIDADE?


Os homens têm destas coisas. Começam por teimar na posição que tomaram e depois, perante as circunstâncias que insistem em mostrar outro caminho, lá entendem dever aceder às propostas que não são as que antes consideravam inabaláveis. Mas, em todo o caso, é bom sinal quando se dá um passo atrás e se resolve adiar uma atitude que tinha sido tomada ou, dentro de outra hipótese, cancelá-la definitivamente.
Digo isto porquê? Perante a posição tomada agora pelo Governo de Sócrates de suspender, para depois das próximas eleições, ou seja deixando a solução do problema para o Executivo que vier a tomar posse em Outubro, face ao que se esperava há já algum tempo só agora foi accionada a não adjudicação neste altura do primeiro troço nacional da rede de alta velocidade, entre o Poceirão e o Caia, na fronteira com Espanha, o que corresponde à preocupação expressa pelo Presidente da República quanto à necessidade de não se comprometer o futuro no que diz respeito a gastos excessivos, ao tomar-se agora conhecimento deste volte-face em relação ao que era uma medida estabelecida, o que os portugueses têm de reconhecer é que aquilo que não contava com um enorme aplauso nacional foi levado em conta por José Sócrates.
Quais serão as consequências desta atitude? - pode-se perguntar. Para além da satisfação que será generalizada, julgo eu, tal decisão vai influenciar a votação que terá lugar em Outubro próximo. E como? Se fica nas mãos do próximo poder executivo o investimento na linha de caminho de ferro de alta velocidade, então será admissível que a orientação do voto seja a de colocar nas mãos dos opositores ao PS o comando das operações.
Quer dizer: os socialistas oferecem, de bandeja, aos seus adversários a posse do Executivo. Já não bastava a má colocação obtida no acto das europeias, para agora surgir nova e valiosa prenda para que os outros partidos, ainda que tenham de actuar posteriormente em coligação, pelos vistos de Direita, deem mostras da sua capacidade.
Ou não! Será que esta perspectiva assusta o eleitorado? Irá o PS, desta vez, actuar de forma a incutir confiança nos cidadãos, ou seja, apresentará um programa que conseguirá convencer os nacionais que já não se farão mais promessas que se sabe serem impossíveis de realizar?
Com as mesmas caras? Com os mesmos “jamais”? Com as teimosas ministras que não arredam um passo das medidas impopulares que tomam? Com os incompetentes que deram mostras de não serem capazes de enveredar por caminhos de bom senso?
Iisto não me parece possível, mas o povo está sempre disposto a acreditar, na ânsia de ver a sua vida melhorada. Por iso há que esperar para ter acerteza.

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