sábado, 21 de fevereiro de 2009

MÉDICOS PRECISAM-SE



Não me tenho referido neste meu blogue à actuação do Presidente da República e também, verdade seja dita, não se têm verificado motivos que justifiquem nem críticas nem elogios.
Mas, as declarações proferidas agora por Cavaco Silva, em que, talvez tocado pela greve que os enfermeiros entenderam dever fazer, considerou ser oportuno falar de um problema que não é de hoje e que é de extrema gravidade: o da escassez de médicos de Norte a Sul do País e que o próprio Governo já entendeu também apontar como constituindo algo preocupante, essas palavras vindas da boca do primeiro Magistrado da Nação deixam a ideia de que, só agora é que chegou ao locatário de Belém a notícia que estará a incomodá-lo.
Não deixo, pois, passar em branco este atraso no sublinhado cavaquista no que se refere ao que se pode considerar um acréscimo da crise, também social, que se nota hoje, há já bastante tempo que é visível e que, no futuro, se vai ainda mais repercutir no tratamento das doenças do povo português.
Neste blogue já me referi, por mais de uma vez, a essa inconcebível medida que os poderes públicos nunca resolveram tomar a peito: à da exigência de altíssimas classificações aos estudantes que pretendem seguir a medicina e, para isso, necessitam ser admitidos na Faculdade respectiva. Pois, até agora e ao longo de vários Governos, nunca se viu um ministério da Educação, suportado pelo Executivo a que pertence ou pertenceu, tomar a iniciativa de alterar profundamente aquela exigência, pois que, para ser médico, o que é fundamental, acima de tudo, é ter vocação para vir a exercer tal profissão, sendo menos importante se, nos estudos secundários, foi bom estudante de matemática, de português ou de geografia. No decorrer do curso de medicina, aí sim, deve ser exigida aplicação, conhecimento perfeito das cadeiras que são ensinadas e, acima de tudo, assistência às aulas e não a faltas de comparência como hoje é moda ser praticado em tudo que são cursos.
Ora, Cavaco Silva, que foi primeiro ministro de um Governo passado, que haja memória nunca levantou o problema daquela exigência de média no secundário para serem admitidos alunos no curso em causa, porque se o tivesse feito, os seis anos mínimos que são necessários para formar teoricamente um médico já teriam ocorrido e, nesta altura, já se podia contar com mais alguns profissionais de saúde que ajudariam a diminuir a falta que se verifica.
Agora, perante um facto incontornável através dos nossos próprios meios, só é possível tentar remediar este tipo de falta com a contratação de médicos estrangeiros e, para isso, há que convidá-los com condições que sejam muito atractivas, fazendo com que as exigências dos nossos profissionais aumentem por sua vez e como é natural. É a lei da oferta e da procura e, quanto a isso, o Presidente da República deveria ter apresentado, a par de um mea culpa, a indicação de uma forma de resolver o problema.
Falar claro é o que é preciso e isso é o que mais se nota a falta nas discursadas políticas…

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