sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

IMIGRANTES EM PORTUGAL

POESIA ESCRITA DE UMA RAJADA
I Os Romenos

A romena, a coitadinha
Mostra-se desgraçadinha
Enrolada nos andrajos
Arrastando os pés no chão
Pede esmola, estende a mão
Estão bem rotos os seus trajos

Tem um sítio, o seu pouso
Choraminga sem repouso
Parece ser muito velha
Por perto brincam dois netos
Que pertencem aos projectos
De aparentar não ter telha

O dia não corre mal
Nunca há nenhum igual
Mas quanto mais é melhor
Valeu a pena a viagem
E sempre tira a vantagem
De gozar nosso calor

Correu toda essa Europa
Fugindo a toda a tropa
Que não quis tal pedincha
Chegou cá a esta ponta
Para tudo está pronta
E aqui ninguém lhe guincha

À noite, no fim da obra
Faz as contas, vê se sobra
O bastante p’ra guardar.
Velhinha deixa de ser
Torna-se pois na mulher
E volta para o seu lar

Não é mau o seu reboque
Tem até um certo toque
De conforto e limpeza
Está num parque de campismo
Onde há outro turismo
E também certa defesa

O marido lá aguarda
É a sua rectaguarda.
Pediu em outras paragens
Com os filhos atacou
Vidros de carros limpou
Aí tirou suas vantagens

São ciganos e que importa
Se não lhe batem à porta
E nem falam português ?
Só que o problema é nosso
E há que limpar esse osso
Acabar com o mal de vez

Expulsá-los, mas para onde ?
Pergunto ninguém responde
Não há fácil solução
Para trás ninguém os quer
Para o mar não pode ser
Ficam por cá, e então ?

Estar no fim do Continente
Não ter país pela frente
É sina já conhecida
Serviu-nos p’ras descobertas
Mostrou-nos rotas incertas
E foi porta de saída

Mas agora, nesta fase
Não podem servir de base
P’ra resolver o problema
Nós, com tantos imprestáveis
Podemos ser bem amáveis
Arranjar um estratagema

Juntar aos da Segurança
Social (uma festança!)
Mais estes que nos calharam,
Pô-los a cobrar da Caixa
E até podem usar faixa
Dizendo que nos burlaram

II – Os Brasileiros

O Atlântico passaram
E a vida melhoraram
Nossos irmão dos Brasil
Fizemos o mesmo antes
Lá partíamos vacilantes
Fugindo do que era hostil

Sopram agora outros ventos
São diferentes os alentos
Dá-se tudo na inversa
Vem p’ra cá o brasileiro
Tem ambiente caseiro
E agrada-lhe a conversa

Vêem-se por toda a parte
Descobre-se-lhe engenho e arte
Nós a pensar que eram moles
Como falam português
Discutem ao fim do mês
O salário para as proles

São muitos hoje por cá
Já todos usam o “pá”
E por fim gostam da gente
Podem ser que com os anos
Percam sotaques baianos
Sintam o que cá se sente

E se voltarem um dia
À terra da sua cria
Dirão aos compatriotas
Que afinal os portugueses
Não são aqueles malteses
Que contam nas anedotas

III – Os Cabo Verdeanos

São em número elevado
Há-os por todo o lado
Com sotaques muito seus
A nós cabe acolhê-los
E sem os ter por modelos
Não esquecer que são ilhéus

Os homens estão nas obras
Pouco mais têm de sobras
Para escolher outra função
As mulheres ficam nas casas
Que também não têm asas
P’ra ir noutra direcção

Uns e outras vão cumprindo
A vida vai-lhes sorrindo
Melhor aqui que na terra
Desse lindo Cabo Verde
A saudade não se perde
É o que a alma lhes berra

Mas os filhos vão nascendo
E o negro vão perdendo
O sangue branco mistura-se
Mas lá dentro está a morna
E se o caldo não se entorna
Uma nova raça apura-se

III… E os outros

Outras raças, outros povos
Buscam também mundos novos
Chegam ao nosso País
São eles os imigrantes
Tal como em outros antes
Usámos nossos ardis

Juntam-se aqui e ali
Conversam em frenesi
Custam na integração
Formam bairros isolados
Deixam-nos preocupados
Mesmo se dermos a mão

Há chineses, indianos,
Árabes e angolanos
Gente do Leste em geral
E então os guineenses
Juntam todos seus pertences
No Rossio da Capital

Já os amarelos são
Muito da população
De todo o globo terrestre
Não será bem o que querem
Mas á emigração aderem
Sem ninguém que os amestre

IV – Conclusão

Está o mundo a dar a volta
O que provoca a revolta
Que se sente na Europa.
Os povos trocam lugar
Todos querem seu solar
Ter dinheiro para a sopa

O mal é que muda a fome
E até muda o seu nome
De um lugar p’ra outro algures
Assim passa a miúdo
Não se vê o conteúdo
Solução está em nenhures

Qual vai ser o final disto
Que parece ser um quisto
Da sociedade de hoje ?
O futuro lá dirá
A quem passear por cá
E com os males ajouje

Serão muitos mil milhões
Andarão aos encontrões
Não caberão no Planeta
Imigrantes será todos
Numa correria a rodos
De cor branca e de cor preta

Há que ser sempre frontal
No caso de Portugal.
Perguntar e concluir
Sem nenhum complexo ter
E não dar a perceber
Intenção de destruir

É um mal ou é um bem
Estar a receber quem vem ?
Mesmo que possa alarmar
Assistir a essa enchente
O certo é que a nossa gente
Não quer mesmo é trabalhar.

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