segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA...



Enfastiado como ando perante os acontecimentos que ocorrem neste mundo e, mais perto, aqui à porta da nossa rua, e que dão mostras de como o ser humano se apresenta incapaz de solucionar os problemas que ele próprio cria, sempre que diariamente me sento para preencher este meu blogue, por mais que procure afastar qualquer dose de pessimismo, não consigo entrar na calha da vontade de dar razão a tudo e a todos, de procurar ser compreensivo com o Homem em geral e, de uma forma particular, com toda essa gente que por aí anda a querer-nos convencer que são competentes, que exercem funções de poder com total ânsia de acertar sucessivamente nas boas medidas, que a sua preocupação soberana é não perder tempo em tomar atitudes que satisfaçam as exigências dos cidadãos, que não descansam enquanto não enfrentam os outros responsáveis que cometem erros e os escondem, contando com a cumplicidade dos que também estão sujeitos a tropeçar nas decisões de que são responsáveis.
Amargurado por, ao chegar a esta altura da vida, e depois de uma caminhada em que tive de defrontar-me tantas dificuldades profissionais na vida de jornalista que levei, antes e depois do 25 de Abril, confesso que, mesmo sendo por minha livre vontade que alinhavo este blogue, sinto que se trata de um esforço sem resultados palpáveis, da mesma forma que, no antigamente, só podiam sair comentários que a Censura deixasse vir a lume, e depois, ao ter ingenuamente tomado a posição de dirigir um semanário completamente independente, com sãs colunas da esquerda e de direita, dando ocasião a que todos, democraticamente, expusessem os seus pontos de vista, deparei com, uns e outros, pouco dispostos a ver os seus artigos ao lado de outros de adversários políticos. Já contei, blogues atrás, uma história relacionada com este facto e em que Manuel Alegre deu mostras de incompatibilidade com as regras da democracia. Ele já me pediu desculpa por esse sua posição na altura.
Mas eu venho agora à baila com esta matéria, porquê? É que tive oportunidade de assistir ontem, no programa matinal de Fátima Lopes, a uma tertúlia de gente crescida que, sendo constituída por uma Mulher que não dá mostras de complexos por motivo dos dois filhos homens serem figuras de destaque em dois partidos políticos que, por sinal, se enquadram nos extremos da política, refiro-me a Helena Sacadura Cabral, assim como também a Simone de Oliveira, para além de outros dois comparsas de que me desculpo agora por não referir os seus nomes, e em que o assunto focado foi o do aumento das taxas moderadoras nos hospitais e nos centros de saúde, o que constitui mais uma maldade que se prega à gente pobre deste País, que o mesmo é dizer, à maioria dos cidadãos.
Eu, neste espaço que preencho todos os dias, já me tenho referido a essa problema, como também à falta medidos que é consequência da estupidez dos governantes, destes e de outros que passaram antes pelo Executivo, que não foram capazes de eliminar as médias altíssimas que são exigidas aos candidatos a entrar na Faculdade de Medicina. Já escrevi sobre este caso, pelo que não me repito agora.
Também não vale a pena, tendo em vista o muito que tenho alertado, sobretudo neste período dito de Democracia, e em que não se verifica a mais pequena reacção positiva por parte dos que dizem que mandam. Mas, mesmo assim, é bom que mais cidadãos se interessem pelos problemas que nos afectam. É que, água mole em pedra dura…

3 comentários:

Anónimo disse...

Meu querido Zé. Eu sei que também tu tens alertado para este permanente ataque à nossa algibeira, sem que se veja contrapartida de registo. Na minha vida sempre tentei dizer o que pensava. Continuo. Apesar de ainda recentemente me terem tentado calar o bico...
Mas eu não desisto. Um abraço da Helena

Helena Sacadura Cabral disse...

Não sei porque saíu anónimo o post anterior. A autora é a Helena Sacadura Cabral

MM disse...

Caro José Vacondeus,

Permita-me que pegue no seguinte trecho do seu texto: "confesso que, mesmo sendo por minha livre vontade que alinhavo este blogue, sinto que se trata de um esforço sem resultados palpáveis", e o comente.

A sua confissão relaciona-se com a génese do nome do meu blogue. Qualquer pessoa convicta do que escreve, ao ponto de reconhecer qualidade ou pertinência nas suas produções, acha-se merecedora de leitores, de atenção, de consequências decorrentes das suas palavras.

Por alturas da inauguração do meu blogue, dizia eu o seguinte: " por servir-me da Internet para partilhar a minha escrita, o super povoamento deste meio com sites de propósitos análogos torna os textos banais aos olhos de qualquer um que procure ler uma composição própria, pois é exactamente isso que me acontece quando quero ler coisas de outros"

Partilho estas palavras consigo porque ao lê-lo não pude deixar de as recordar.

Sinceros cumprimentos,

Marcelo Melo