
Eu sei que o mundo, de uma forma geral, quer seja porque a cansativa crise está a retirar qualidades de governação em todos os sítios onde ela se faz sentir, quer tenha outros motivos mais corriqueiros, como seja a incompetência normal do ser humano que, para acertar numa causa, falha logo a seguir duas ou três – e que me desculpem aqueles que me acusam de, cada vez mais, ser pouco confiante nesta Coisa que foi criada há milhões de anos e que se chama Homem -, repito, parecendo ser inegável esta circunstância que se atravessa, se o mundo anda todo de cabeça perdida, por cá, que é o que temos à saída de nossa casa, sentimos bastante mais os efeitos do ambiente que nos rodeia e podemos, naturalmente, analisar os motivos e os efeitos daquilo que se vai passando à nossa volta. E, como é natural, desconsolamo-nos mais do que os outros, cada um com os seus problemas, e se lá fora só nos olham como qualquer coisa de estranho e de pouco normal, até ficamos ofendidos. De facto, com um País tão bonito, uma posição geográfica invejável, um clima, apesar das excepções, que apetece desfrutar, um povo que, com os seus defeitos, é acolhedor e simpático para quem nos visita, não compreendem como é que não conseguimos, após tantos séculos de História, ter uma situação de vida mais agradável e um futuro mais prometedor.
Nós, os portugueses, sabemos responder a isso, muito embora não sejamos capazes de encarar as verdades e, quando elas surgem ou pretendem aparecer como tal, como é o caso que faço questão de manter neste blogue, não falta quem critique, por achar que o pessimismo não nos ajuda a levantar a cabeça. Mais vale gostar do que somos e babarmo-nos de gozo com o nosso espectáculo. São opiniões!
Só de raspão e para justificar o que acabo de escrever, aponto o que acabo de tomar conhecimento como acontecimentos que merecem, no mínimo, um sublinhado e que dizem respeito, exclusivamente, a casos ocorridos em Portugal. Por exemplo, para confirmação do que tenho afirmado neste blogue, sabe-se agora que estão cerca de 700 mil alunos de medicina portugueses a estudar por essa Europa fora, devido à impossibilidade de frequentarem na Faculdade respectiva nacional; que o Parlamento, com obras de modernização que se arrastam por meses infinitos e custam uma quantia grossa, só em funcionários que ali prestam serviço se contam cerca de quatro centenas; que o quinto canal de televisão é uma prioridade dos governantes, muito embora a publicidade que suporta os encargos seja cada vez mais escassa, mas cada um sabe de si; que o julgamento do megaprocesso Casa Pia corre o risco de voltar ao início e parcialmente repetido, por acção dos advogados de defesa do arguidos que tudo querem fazer para livrar os seus clientes dos problemas em que se envolveram.
Mas o que representa tudo isso, perante a fantástica notícia de um quarto de página, com fotografia e tudo, de o companheiro de Manuel Luís Goucha ter estado internado num hospital com um problema de saúde? Face a esta tão avassaladora nota, tudo o mais que ocorre neste País não é merecedor de uma linha sequer!...
Então este País, se não existisse, não se impunha que fosse inventado?...
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