sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

ÀS PINGUINHAS



Já tenho estado em desacordo com Mário Soares e, que me lembre, numa das várias viagens que fizemos, até evidenciámos a nossa discordância sobre uma matéria que não vem agora ao caso. O que interessa nesta altura é que eu reivindique aquilo que tenho escrito há muitos anos no que se refere a Lisboa e que é o tirarmos partido das belezas próprias da nossa capital, não virando as costas àquilo que temos e que tem vindo a ser desprezado sucessivamente por múltiplos Municípios que não têm tido a felicidade de pôr nos seus lugares cimeiros presidentes com o mínimo de sensibilidade e de sentido de governação estética.
Quando o ex-presidente da República vem agora afirmar que “é uma pouca-vergonha” transformar as instalações do Tribunal da Boa-Hora num hotel de charme, salto eu para considerar tal afirmação como um choro de velho do Restelo, pois que aproveitar um edifício decadente, que não serve há muito para o exercício de julgamentos, para algo que vai dar vida alegre e profícua, como pode ser um estabelecimento hoteleiro de alta qualidade, esse atitude só pode ser encarada com entusiasmo, desde que se instale o tribunal dali saído para outro apropriado e onde não se vejam as resmas de papel cosido à mão espalhadas pelos corredores sombrios de um antigo convento.
O que eu tenho clamado para que os palácios situados na Praça do Comércio e onde funcionam vários ministérios, completamente deslocados das suas funções, sejam retirados dali e, em seu lugar, surjam também hotéis e estabelecimentos de qualidade, a exemplo do que sucede em Veneza, tanto mais que as arcadas que rodeiam o local seriam melhor aproveitadas se no seu espaço se montassem esplanadas com música ao vivo, durante o dia e em parte da noite, o que faria com que a Baixa lisboeta deixasse aquele aspecto desértico que hoje se vê!...
Estou mesmo a ver que existe gente que bem choraria se se alterasse o aspecto lúgubre, triste, abandonado que hoje se encontra em toda a zona pombalina que, apesar de tudo, se viu construída após o terrível terramoto de 1755. Dá a impressão que seria necessário ocorrer qualquer fenómeno do mesmo estilo para que surgisse outro Pombal capaz de encarar de frente a situação e Lisboa passasse a ver o seu aspecto de acordo com a vida que lhe falta.
Vem a propósito recordar que, desde tempos longínquos, eu venho pregando a necessidade de ser construído na capital um Bairro dos Ministérios, onde se reunissem as centenas de edifícios, completos ou em diferentes andares, que acobertassem as instalações que servem a administração pública nacional que, como é sabido, se encontram espalhadas por tudo que é sítio. Umas alugadas outras de propriedade própria do Estado.Mas não vou aqui repetir o que tem constituído uma canseira da minha parte e sem resultados visíveis. Só às pinguinhas

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