quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A PORTA


Aquela porta aberta lá no fundo
deixa-me descobrir para além dela
sinto algo que não é deste mundo
e dá ideia de ser coisa bela

Ah, como me desperta o apetite
ir ver de perto o que lá se passa
e na ausência de um bom convite
é com coragem que parto à devassa

P’ra lá chegar encaro o corredor
profundo, escuro, algo tortuoso
o primeiro sentimento é de horror
hesito, paro, não sei se ouso

Lá me abalanço p’ra vencer o medo
árdua tarefa, às apalpadelas
de passo em passo, por vezes me quedo
há que prevenir escorregadelas

Aqui tropeço, ali me alevanto
Mas a atracção pela porta é grande
cada vez é maior o meu espanto
que tentação, nada há que me abrande

O mistério atrai, cada vez mais perto
que estará para lá? Essa porta intriga,
tenho que saber com espírito aberto
por muito grande que seja a fadiga

Levo o meu tempo, um vento me frena
tudo parece impedir que eu goze
o dom de sentir harmonia plena
ainda que seja em pequena dose

Mas tenho que vencer dificuldades
se vejo a porta tenho que chegar
o que está depois, se forem verdades
será algo que me force a lutar

Ai porta, porta, que tanto me atrais
deixa-me chegar pertinho de ti
por muitos que sejam os vendavais
bem me esforçarei p’ra chegar aí

Quero espreitar o que está para lá
aqui já se sabe, a vida é torta
vou-me arrastando aos poucos por cá
nem que seja só p’ra morrer à porta


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