sexta-feira, 28 de novembro de 2008

MAIS DO MESMO



Que se pode esperar, quanto a novidades, deste País que, sem poder fugir da crise que grassa por toda a parte, continua a lutar com aquilo que, afinal, já está habituado desde séculos de existência? Sim, porque no que diz respeito a adversidades, sem querer comparar com outros locais pelo mundo que terão mais razões de queixa do que nós, quem conhece minimamente a História portuguesa e não é de todo indiferente ao que tem ocorrido, ao longo de múltiplas eras, em vários locais da esfera terrestre, não se pode admirar de, neste momento preciso, não andarmos a lançar foguetes de contentamento pelo facto de estarmos a sentir a felicidade espalhada pela população inteira deste cantinho à beira-mar plantado.
O Natal que está aí à porta, e que, no meu caso, nem é a época que transporta mais alegria, desta vez apresenta-se ainda mais lúgubre e nem dá vontade de andarmos por aí a fingir que tudo corre bem e a desejar “boas festas” a torto e a direito, até a pessoas a quem nos é indiferente que as tenha de uma forma ou de outra. No caso dos cartões que, cinicamente, se enviam e se recebem apenas para marcar uma presença, mas que de verdade não transmitem o mais pequeno sentimento, provavelmente este ano nem vão ser muito usados. Os bancos, que, neste aspecto, mantêm um hábito de ir à lista dos seus clientes e remeter-lhes, automaticamente, um cartão igual para todos, seguramente que, dadas as circunstâncias que os têm posto em exposição pelas dificuldades que atravessam, este ano não vão dar largas ao seu fingimento. A menos que, a sem vergonha seja superior à consciência sobre as realidades.
Eu, por meu lado, não utilizo este blogue para endereçar quaisquer desejos a quem, por ventura, costume ler o que escrevo. Aos editores de livros, em particular, não faço outros votos que não sejam os de prestarem melhor atenção quanto às suas escolhas de autores e de qualidade dos escritos, por forma a que se dê descanso ao “lixo” que, sendo comercial, não ajuda a melhorar o panorama da literatura portuguesa. Basta de carolinas e de mediatismos provenientes de caras que são conhecidas por razões que nada têm a ver com os escritores e poetas que por aí há e que merecem que se lhes dê oportunidade. Surgirem obras de valor, anos depois dos autores já não se encontrarem no mundo dos vivos, só serve para outros, familiares ou não, gozarem do prazer de serem do mesmo sangue ou pertencerem ao número dos que conviveram com os homenageados.
Mas, com crise ou sem ela, este País de portugueses com características muito próprias, lá se vai arrastando, mostrando, ano após ano, o seu clássico sempre mais do mesmo.

Sem comentários: