quinta-feira, 26 de junho de 2008

COMPARAÇÕES PARA QUÊ?


Já nada nos pode fazer ficarmos extasiados com as notícias que surgem diariamente em tudo que é comunicação social – e isto que, grande parte nem chega a sair das Redacções, posto que, cada vez mais, o cuidado em não ofender excessivamente o Poder, qualquer que ele seja, domina os grandes centros empresariais de informação -, já não nos admiramos ao ponto de considerarmos quase tudo como normalidade e não abrirmos já muito a boca de espanto.
O caso que hoje ocupou algum espaço na página de um diário refere-se ao subsídio que era concedido aos polícias para pagarem a sua farda, ou seja, que apesar do aumento do custo de todos os elementos do uniforme, como, por exemplo, uma camisa que ,em 1989, custava o equivalente a um euro, hoje não se compra por menos de sete vezes esse valor, continua tudo como nos belos tempos.
Mais explicitamente, pois: há cerca de vinte anos que o subsídio para os fardamentos da PSP e da GNR não é actualizado. Eram cerca de mil escudos que, desde 1989, o Estado concedia aos guardas para custear as roupas e acessórios, valor esse que se transferiu para 5,50 euros com a nova moeda, e que era descontado por parcelas no ordenado base dos agentes.
A pergunta a fazer e a que todos sabem responder é como é possível um jovem guarda, acabado de entrar na corporação, com um ordenado que ronda os 750 euros, com família para sustentar e encargos normais de um cidadão cauteloso nos gastos, pode suportar que lhe descontem no salário prestações que lhe são exigidas por quem dispõe do livre arbítrio de atribuir tais pagamentos desfasados? Nem serve para nada acrescentar que, na União Europeia, cabe às instituições fornecer graciosamente as fardas, isto enquanto cá no nosso País, como tinha que ser, constituímos a excepção. Para pior, claro!
E depois, querem que os agentes que escolhem a vida policial portuguesa como modo de vida, sejam aqueles exemplares modelos que vemos em Inglaterra, por exemplo, em que só o aspecto austero mas confiante garante uma eficiência de actividade que não tem semelhanças ao que assistimos em Portugal. Mas mais vale ser agente policial nesta Terra, do que ficar desempregado na altura em que os jovens tanto precisam de uma profissão!
Pôr mais na carta, para quê?

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