sexta-feira, 27 de junho de 2008

RESPONSÁVEIS PRECISAM-SE


É evidente que não é possível que um primeiro-Ministro, um presidente de Câmara municipal e até um alto responsável quer de uma instituição do Estado quer de um qualificado sector particular, possa estar ao corrente em pormenor de muitas das deficiências que ocorrem no sector que se encontra sob sua responsabilidade. Não acompanhará a par e passo os pormenores da actuação dos diferentes departamentos, mas o que não pode nem deve é excluir-se dos efeitos malévolos que sejam provenientes das acções deficientes resultantes da área que comanda, ainda que seja muito por cima.
Chegando ao exagero, pode-se dizer que, numa escala de valores e de responsabilidades, um erro praticado por um funcionário menor, por exemplo, de um ministério, tendo de ser, evidentemente, assacada culpa ao autor da prática deficiente e aplicadas as sanções que estarão previstas nos regulamentos, como devendo ir-se apurando, na escala de funcionários sucessivamente superiores, a responsabilidade final, queiram ou não queiram aceitar os senhores poderosos dos lugares chorudos, essa responsabilidade pertence ao chefe máximo de toda a organização, repito, pública ou privada. Logo, se for caso disso, o responsável número um será o chefe de todo o Governo.
Este aparente exagero de apontar culpado poderá assemelhar-se uma perseguição com pouco sentido, pois que será levar ao exagero o esticar do dedo ao mais alto, ao que, afinal, sempre que sai alguma coisa bem no País, logo surge a lançar loas sobre si mesmo, falando no mau antes e no bom agora. Esclareça-se, seja o actual primeiro-Ministro, sejam todos os que passaram por S. Bento desde que se tornou necessário fazer propaganda do umbigo próprio, para tentar manter-se à frente em eleições, mais algum tempo, no fofo do cadeirão de S.Bento. Mas, a verdade é que, num País onde toda a gente se quer escapar de ter culpas, de assumir responsabilidades, de se declarar autor de um erro, é preciso começar por cima e não ter qualquer complexo – como eu não tenho de todo – em declarar que, na maioria dos casos, o que corre mal no nosso País deve ficar arquivado na memória histórica de todos e ser deixado bem claro que o acusável é, acima de todos, aquele que se propõs e aceitou ser o comandante de todo o grupo governamental.
Se algum – ou até mais do que um – dos seus ministros não cumpre, cabe ao chefe pô-lo a andar e ter o cuidado, isso acima de tudo, de não lhe arranjar um daqueles “tachos” que, como sempre acontece, são entregues mesmo aos que deixaram para trás uma obra criticável, quando não criminosa até.
Portugal está repleto de figuras de antigos responsáveis ministeriais que, tendo deixado sem saudades os postos que lhe tinham sido arranjados (quase sempre por via partidária), se encaixaram, logo de seguida, em cadeirões empresariais, geralmente bancários, onde passaram a usufruir ainda maiores regalias do que antes. E o grave é que esse lugares estão situados em sectores empresariais que antes receberam descarados favores ministeriais, com as assinaturas dos que, depois, ali foram sentar o seu rabinho nas respectivas presidências ou lugares semelhantes.
Isto que aqui deixo escrito não é segredo para ninguém. Poderia deixar uma lista de personalidades que, se lddem este blogue, sentiriam as orelhas a arder. Só que não o posso fazer. Num País onde a justiça tarda imensidades de tempo para solucionar os casos que se deviam resolver com rapidez, se fosse aqui que surgisse a tal lista, sem a menor dúvida que cairia aí uma montanha de processos movidos por gente que reclamava “ter sido atingida na sua honra”…
Honra! Como se fosse isso que importasse aos muitos dos culpados pelas ineficiências com que deparamos na nossa Terra. Com todos aqueles casos que, se existisse, desde a Presidência do Conselho de Ministros e até aos chefes dos municípios, gente cuja missão seria essa de levar ao conhecimento dos seus superiores os casos escandalosos que necessitam ser tratados com a maior urgência e o melhor bom senso e que, pelo contrário, se arrastam por anos e anos sem saírem do ponto morto em que se encontram, se existissem esses serviços talvez, mesmo com pouco dinheiro, o aspecto de Portugal fosse outro. Mas, claro, tais sectores de transmissão dos erros crassos aos chefes directos, só poderiam ser ocupados por gente séria, icorruptível, competente. Logo, bem paga.
Mas, o tanto que daria para escrever este tema que aqui fica guardadinho num humilde blogue!...
Logo, como sucede com tudo que é útil e importante neste nosso País, ficamo-nos pelos desejos e pelas intençoes. Mais uma vez cabe-me o de sempre: ter razão antes de tempo!...

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