quinta-feira, 27 de março de 2008

Uma vida difícil (5)

A revista veio a chamar-se “Mundo Ilustrado” e foi nessa altura que conheci, na referida Redacção como meu colega, o Fernando Piteira Santos, que tinha cerca de mais 10 anos do que eu e que depois, durante uma longa caminhada, colaborou comigo em diversas iniciativas. Fomos grandes amigos até à sua morte. Era, de facto, uma personalidade de alto nível intelectual e que, nessa altura, foi expulso do Partido Comunista, por motivos que nunca foram muito aclarados., mas que se dizia ser pela “sombra” de cultura que faria a Álvaro Cunhal.
Se já tinha pouco tempo antes, com enormes correrias e utilizando algumas horas do dia da Bertrand, lá me fui distribuindo entre a livraria, o Instituto Comercial e a revista.
Foi convidado para director da publicação o jornalista e chefe de Redacção do “Diário de Lisboa”, Norberto Lopes que, como era grande amigo do ministro do Interior de Salazar, Trigo de Negreiros, era aceite pela situação, embora com relutância. E começou-se a fazer o primeiro número, com a minha total dedicação ao projecto. Só que, logo a seguir, surgiu a notícia de que Norberto Lopes não poderia cumprir a missão com que se tinha comprometido porque tinha sido confrontado com a imposição do director do “Diário de Lisboa”, Joaquim Manso, de só o nomear subdirector do vespertino, na condição dele desistir de fazer parte da revista (mais tarde, fundou com Mário Neves o vespertino "A Capital").
Vimo-nos, assim, a meio da feitura do primeiro número do “Mundo Ilustrado”, sem director oficial e sem saber quem poderia ser aceite pela Censura que, na época, era quem autorizava ou proibia o exercício dessas funções.
Até que o Piteira Santos e eu nos lembrámos de Fernando Fragoso, secretário-geral do “Diário de Notícias” e cumulativamente secretário do cinema S. Luís. Como este não era longe das instalações do “M.I.” e o brasileiro não conhecia ninguém, fomos convidá-lo para dirigir a revista e, após a surpresa com a ideia, acabou por aceitar.

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