domingo, 30 de março de 2008

ESTA LISBOA QUE EU AMO


(Crónicas semanais publicadas durante 2 anos no "Diário de Notícias"

O País que temos e onde nascemos é como é. Não temos outro remédio que não seja aceitá-lo, mas não é forçoso que nos acomodemos ao que está, sem contribuir, na medida do possível e aceitável, na tentativa de modificá-lo.
É uma atitude sonhadora, é irrealista, é uma luta inglória, dirão, será tudo isso mas quem não anda a dormir ou não está a fazer de morto não terá o direito de apenas encolher os ombros. É o que eu penso e, por isso, não me calo, não me resigno, andarei até ao último dia da minha existência a tentar abanar as estruturas pardacentas dos que têm responsabilidades de intervir e que se julgam estar sempre do lado da razão.
Eu, que em toda a minha vida jornalística sempre usei a pena para denunciar as maleitas nacionais (os que actuam correctamente não necessitam de elogios, porque a sua obrigação é serem competentes, para isso exercem funções públicas), antes tentando enganar a malfadada Censura que me fez tantas vezes engolir sapos vivos e, depois do 25 de Abril, enfrentando os “revolucionários” de pacotilha que se serviram da Democracia para alinhar na libertinagem, o autor destas linhas que conheceu e conhece tantos que alinhavam no Salazarismo, colaborando então no SNI (Secretariado Nacional de Informação, para aqueles que não desse tempo ou, por conveniência, já se esqueceram do que \representava) e depois passaram rapidamente a exibir-se como democratas exemplares, eu, dizia, não posso nem quero manter-me no mais profundo dos silêncios. Acho que chegou de novo a hora de dar o grito do Ipiranga e clamar contra o desvario, a vaidade, o convencimento que pulula por aí de que os que ocupam lugares de poder nunca se enganam,
Temas para pôr em evidência não faltam neste Portugal mal governado, não só de hoje, assinale-se, com este Executivo, mas com o anterior e outros e outros que se têm sucedido, antes porque se vivia em ditadura e depois que se passou a usufruir da democracia. O “empurra para lá que eu quero mandar” tem-se sucedido na História e parece que não vai terminar tão cedo. Aparecer um político, seja de que partido ele seja a pedir desculpa ao Povo por se ter enganado numa decisão tomada é coisa que não ocorre no nosso País. Os “santos” estão todos nos poleiros, os “pecadores” são os outros.
Querendo, pois, ser prático e minimamente útil e legível com facilidade para os que têm pouca paciência para aguentar textos com linguagem que usam os políticos, nesse sentido vou referir-me apenas à Capital, a esta Lisboa que todos os alfacinhas desejam ver radicalmente bem tratada.
E há tanto que fazer neste amontoado de sete colinas!
É esta a minha convicção e, em tais circunstâncias, desejaria que esta coluna servisse para, pelo menos – e não é pedir muito , acicatar o ânimo de quem se encontre `frente da Edilidade alfacinha.
Deixo aos leitores este aperitivo. Espero poder estar, uma vez por semana, a apontar os erros, uns graves outros mais desculpáveis, que o Município comete e não resolve.
Servirá para alguma coisa? Será que não se manterão as habituais orelhas moucas e os olhos vendados porque, como é habitual, quem está certo é que toma lugar nos cadeirões do mando ?
A ver vamos, como diz o cego…
José Vacondeus

Sem comentários: