domingo, 30 de março de 2008

ESTA LISBOA QUE EU AMO !
Bairro dos Ministérios
O assunto que trago hoje à estampa não tem a ver exclusivamente com a cidade de Lisboa, pois diz respeito a uma decisão governamental que deveria ter sido tomada há muitos anos por qualquer dos governos que passou no Poder. Mas trata-se de uma matéria de tal forma importante para a Capital e útil para todos os cidadãos que, da parte do principal responsável do Município – tanto mais sendo a segunda figura do partido principal da coligação -, merece que não se conforme com as coisas tal como estão.
Explico-me: já há muitos anos me referi na Imprensa ao tema por ter sido inspirado pelo que vi em Madrid, quando ali foi inaugurado o que ficou a chamar-se “El Barrio de los Ministérios”. Isso, ainda no tempo de Franco, imagine-se ! Foi um feito que deixou os madrilenos verdadeiramente eufóricos. E eu pergunto-me: não haverá por cá imaginação e capacidade de iniciativa bastantes para deitar mão a uma obra que deixaria o nome do presidente camarário na história de Lisboa ?
Não sei se algum Governo – e, particularmente, o actual – fez qualquer estudo sobre os gastos que representa para o erário público a pulverização de muitos serviços dependentes de praticamente todos os ministérios, como é o que se verifica em Lisboa. E esse dispêndio elevadíssimo deriva tanto do pagamento de alugueres de andares, lojas e até edifícios inteiros como do pessoal em excesso, por duplicação, para não referir também as viaturas e respectivos motoristas que se encontram ao serviço dos responsáveis de tais dependências.
Um estudo que tivesse sido feito sobre esta problemática mostraria, muito provavelmente, que somando todo o despesismo que resulta da existência de tantos organismos dependentes de cada sector ministerial com o encaixe resultante da venda de propriedades do Estado espalhadas por Lisboa que se encontram com a mesma óptica pulverizadora da administração pública, seria encontrado um valor de tal forma elevado que não admira que fosse suficiente para custear a construção de um Bairro dos Ministérios em local que a edilidade lisboeta poria à disposição para o efeito.
A capital ganharia e muito. Os cidadãos de todo o País deixariam de correr Seca e Meca para solucionar um dos muitos problemas burocráticos que atormentam, desde sempre, os portugueses, na maioria dos casos os lisboetas. E para todos, os que servem e são servidos, o panorama do relacionamento entre eles passaria a ser muito diferente.
O papel do Município alfacinha seria – e oxalá venha a ser – de enorme relevância. Não só na escolha de um local que oferecesse as condições de espaço e de acessibilidades por forma a que não viesse a suceder aquilo que é corrente entre nós, os remendos posteriores por ausência de estudos prévios competentes, mas também porque contribuiriam como exemplo no capítulo do equilíbrio arquitectónico resultante do bom gosto do conjunto e da sua eficiência funcional. Seria o mínimo que se poderia desejar.
Seria também uma forma de se libertar, uma vez por todas, o Terreiro do Paço daquele enxame de repartições, com dezenas de viaturas oficiais à porta, e dar-se-ia então a utilização adequada a todo aquele espaço, como há muito deveria ter acontecido: com actividades artísticas de todas as espécies, quer nos edifícios quer especialmente debaixo das arcadas. E com flores, muitas flores…
Deixo aqui uma sugestão quanto ao local propício à edificação do Bairro dos Ministérios, este, sem dúvida, provocador de larga discussão: a zona onde se situa o ultrapassado e praticamente inválido Estádio Nacional. Haverá quem não concorde, pois haverá. Então que surja outra proposta, mas, seja ela qual for, nasça o Bairro dos Ministérios.

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