sábado, 29 de março de 2008

D.QUIXOTE


Viver sonhando, cavaleiro andante,
fidalgo adormecido com leituras
acompanhado por seu ajudante
Sancho Panza, o homem das gorduras
foi pela pena de Miguel Cervantes
que nasceu Don Quixote de la Mancha
uma obra das mais extravagantes
que nos livros provocou avalancha.
Limpou armas velhas de antepassados
estudou nome para o seu cavalo
pôs nisso todos os melhores cuidados
passou a ser mais um fiel vassalo
Rocinante se veio a chamar
embora belo exemplar não fosse
também de princesa veio precisar
uma donzela com um fundo doce
e a uma moça de bom parecer
que pouco conheceu o cavaleiro
crendo que seria sua mulher
e que daria força ao guerreiro
Dulcinea de seu nome criou
e sem mais esperas, de corpo inteiro
os seus trajos de guerra enfiou
com os cuidados de homem solteiro
colocou a espada e a lança na mão
e sem ter de dar contas a ninguém
montando Rocinante com paixão
partiu por aqueles campos além.

São longas histórias do trajecto
com dormidas em casebres bem pobres
imaginando-se sob bom tecto
e crendo comer à mesa dos nobres
falando a sós com muitas fantasias
procurando os moinhos de vento
quais gigantes que eram manias
mais do que isso eram tormento
pois que as suas velas que giravam
eram para Quixote braços compridos
que aos cavaleiros ameaçavam
com seus rodopios e seus grunhidos
o escudeiro Sancho Panza, coitado,
bem procurava o amo acordar
pois não seria um qualquer malvado
mas apenas moinho em seu rodar.
E também em suas mulas dois frades
foram alvo do sonho de Quixote
que picou Rocinante com vontades
de dar aos dois monges um chifarote.
Vinham de preto duas criaturas
pareceram a Quixote malvados
sendo autores das mais negras loucuras
merecendo assim ser castigados.
Teve o escudeiro de acudir
mas mesmo assim acabou tudo mal
pois não foi nada fácil conseguir
convencer que era gente de moral
pelo que Quixote clamou aos gritos
por Dulcinea, flor da formosura
para que o salvasse dos atritos
a si mesmo, o da boa figura.
De tudo que ao fidalgo sucedeu
engenhoso de tristes aventuras
não se daria com qualquer plebeu
por maiores que fossem as bravuras.
Mas aos famosos também o fim chega
p’ra D. Quixote não houve perdão
e o Céu não lhe deu nenhuma achega
dando como finda sua missão
morreu rodeado de alguns amigos
de Sancho Panza e do seu barbeiro
e de outros que correram perigos
sofrendo alguns enganos do guerreiro
a todos confessou naquela hora
no mais belo e puro castelhano
pois devia afirmá-lo sem demora
que o seu nome era Alfonso Quijano
e D. Quixote já não se chamava
odiava histórias profanas
assim como uma atitude brava
com antigas manias espartanas.

Esta a confissão de Miguel Cervantes
depois do seu belo livro terminar
não era possível fazê-lo antes
mas foi uma atitude exemplar

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