quarta-feira, 17 de agosto de 2011

JUVENTUDE EM PERIGO



QUANDO SOMOS FORÇADOS a assistir ao tristíssimo espectáculo que nos deram aqueles jovens que, nas cidades inglesas, se dedicaram à destruição pela destruição, sem terem justificado o motivo da sua acção, não podemos deixar de reflectir sobre o comportamento dos jovens de hoje, daqueles e de muitos outros que se espalham pelo mundo, e de averiguar se haverá forma de alterar a actuação de uma juventude que nesta altura não é produtiva e não tem como objectivo a preparação de um futuro agradável que devem depois usufruir.
Existem de facto razões para que a juventude dos nossos dias se comporte de forma que tem de nos preocupar, a nós, os mais velhos, e que temos o direito de aspirar por um mínimo de condições para que, tal como aconteceu aos da minha geração e seguintes, tivemos de seguir regras que, certamente nem todas agradáveis, mas que, mesmo assim, formaram uma camada de cidadãos que levaram a sua vida sem os sobressaltos que agora se verificam.
A educação familiar que, antes, era aplicada pelos pais e tutores das crianças e a instrução que se aplicava nas escolas, esses dois factores terão servido para formar uma juventude que, ao longo de várias gerações, foi cumprindo e seguindo os passos dos seus antecessores que era considerada como exemplar. Mal ou bem, o facto é que essa condição serviu para criar o ambiente que, nos momentos que atravessamos, se vai vivendo.
É certo que o ser humano tem sido o causador dos acontecimentos que se vão avolumando no campo terrestre. O avanço da tecnologia, bem útil por um lado, e a criação de utensílios como o mundo dos computadores, tudo isso tem provocado que, sem entrar em pormenores, a evolução da juventude t5enha sido desviada para diferentes interesses do que anteriormente ocupava a juventude. As dificuldades no acompanhamento por parte dos progenitores dos filhos que antes eram vigiados e colocados nos bons caminhos, assim como a diminuição do rigor por parte dos professores que já não têm condições para impor cumprimentos de regras aos alunos, essas duas condições podem ser indicadas como as principais causadoras das “liberdades” concedidas à pequenada e que, depois, já com idade de adolescência, também se julga com direitos a seguir comportamentos que não serão, nem de longe nem de perto, os mais indicados para uma formação de adultos bem comportados.
A inquietação natural, que a geração adulta que ainda se encontra em funções nos mais diversos planos de actividade, tem de sentir perante os comportamentos que, não só em Londres como noutras cidades inglesas, foram divulgados pelas televisões, não encontrará sossego face às condições de vida que são apresentadas nesta fase, pelo que saltará a dúvida sobre se todos aqueles que irão tomar lugar, mais dia menos dia, nos postos de comando a que, naturalmente, terão acesso, serão capazes de modificar o sentimento de destruição de que deram mostras recentemente.
É certo que a actual onda de governantes que existem não só na Europa mas em diferentes partes do mundo não têm mostrado um comportamento que sirva de exemplo aos que têm idades de adolescência e que, perante tamanho fracasso, sustentem ambições de, quando chegar a sua vez, “entrar a matar”. Mas, mesmo dando razão aos descontentes, não é por isso que poderemos ficar descansados. O futuro do mundo corre perigo. Essa é a verdade.
Aqui, em Portugal, apesar de “brandos costumes” de que somos apelidados, a onda de protestos que as circunstâncias de vida difícil nos impõe, a revolta íntima que roí um grande número de cidadãos que não encontram maneira de solucionar a situação a que chegámos, tudo isso ajuda a que a vaga de próximos governantes seja capaz de encontrar um comportamento aceitável e não admirará que, subitamente, as cidades do nosso País sejam, dentro de algum tempo, palco de acontecimentos semelhantes aos que ocorreram na Grã Bretanha.
Só se espera que não se atinja tamanha calamidade. Vamos aguardar para ver…


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