sexta-feira, 17 de junho de 2011

CARIMBOS



CADA UM DE NÓS, emendo, cada um dos portugueses que se interessa por estas coisas e pensa nelas, andará a imaginar quem, de entre as figuras que costumam dar nota da sua existência através dos meios de comunicação, escolheria este ou aquele ao seu gosto parta vir a exercer o cargo que considera mais apropriado na galeria de ministros e de secretários de estado que virão a ser empossados no Governo que vai ser nomeado. E seguramente que, na altura em que forem divulgados o nomes, deparará com contrariedades face aos seus ideais. E não será mau que assim aconteça. É sinal de que não se anda completamente alheado do que sucede neste nosso País.
Porém, o que, no meu caso, mais me tem atraído a chamada à imaginação é o facto de estarem previstas uniões de ministérios e provavelmente criação de nomes novos para outros, a necessidade a que isso obriga de alterar todas as folhas que são utilizadas para movimentar os textos que são expedidos para o exterior dos próprios organismos e até os que só transaccionam dentro e em que a indicação no topo de cada página nos sobrescritos, o que ocasiona um gasto enorme e uma paralisação durante uns tantos dias de movimentação de comunicados.
Imagino o que será necessário de gasto público e de papel para o lixo até se actualizarem todos os impressos que têm de sofrer mudança nas suas indicações de proveniência. Se fosse eu a mandar não hesitaria um minuto em mandar fazer urgentemente carimbos com as novas designações e colocá-los em cima dos nomes antigos dos organismos e enquanto durassem não expenderia um euro nessa mudança. Não seria muito elegante, pois não, mas em tempo de guerra não se limpam armas e era também uma forma de se dar o exemplo público, interno e externo, de que não estamos a brincar em serviço.
Só que não acredito que as personalidades que têm a seu cargo as responsabilidades de cada sector sejam capazes de capitular de uma certa dose de vaidade e assumam abertamente as situações e cada um contribua para não gastar em demasia. E, no caso dessa ordem sair do gabinete do primeiro-ministro, muito me agradaria que se tratasse de uma medida que saísse da cabeça do maior responsável. Vamos a ver!
Já que andamos todos aos papéis, este gesto seria do maior significado que animaria a população a seguir o e4xemplo que foi tão corrente de outras épocas, em que se utilizavam os interiores dos sobrescritos para anotar as respostas às cartas que se recebiam. Mas, então, não tínhamos a mania de que éramos ricos…
Agora só resta colocarmo-nos na posição de espectadores e, pagando bilhete continuadamente, esperar que os nossos compatriotas do futuro, quando cá já não estivermos, não enfrentem as circunstâncias que nos afogam na actualidade.
Carimbos, é o que nos resta. E já que está tanto na moda essa mania das escritas na pela – porque já não chegam as paredes -, pois que se implante a fúria das carimbadelas, tapando o que estava e colocando em cima o que vier a seguir.

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