domingo, 1 de maio de 2011

TUDO PODE ACONTECER



NINGUÉM PODERIA IMAGINAR que se chegasse a este ponto. Anos atrás, eram raros os portugueses que se interessavam em estudar a língua espanhol. Era uma raridade. Hoje em dia, no Instituto Cervantes, em Lisboa, já são muitos os alunos que, antevendo a utilidade de acrescentar essa aprendizagem à nossa capacidade nata de falarmos vários idiomas, passaram a incluir o castelhano nesse número. E por alguma razão será.
Só que, de repente, de entre as múltiplas decisões erradas que tomam as nossas governações, foram os professores contratados antes dispensados e, nesta altura, têm de ser não nacionais da vizinha Espanha a tentar leccionar o que mal dominam. Há coisas mais graves, pois há, mas ao menos que não façamos erros mesmo menores!
Ao mesmo tempo e sem comparação a não ser para dar mostras de como somos tão inábeis nas decisões que por cá se tomam, acaba de chegar outro submarino, no valor de mil milhões de euros, fazendo parte da encomenda que foi feita há alguns anos e de que não se descobriu ainda quem é o responsável para poder prestar contas por tão inimaginável aquisição. É o que somos!
Pois, passado este intróito que não constitui qualquer novidade nem para os mais distraídos dos portugueses, o que eu pretendo é tocar, uma vez mais, o carrilhão do alerta. E tocá-lo bem forte, para que possa ser ouvido mesmo por aqueles que costumam fechar os ouvidos quando a conversa não lhes interessa.
Estou a escrever este texto e a ouvir um discurso a passar na televisão e em que José Sócrates afirma repetidamente aquilo que é o seu habitual elogio em boca própria e que pretende constituir a garantia de que o caminho que ele orienta é o mais correcto de todos. Um enjoo!
Está a falar de que são precisas mais exportações para relançar a nossa economia e conseguir o crescimento económico. Como se se tratasse de uma novidade. Como se fosse com palavras que a nossa situação gravíssima se resolvesse. E estou a ouvi-lo referir que são as energias renováveis que “fazem toda a diferença”… expressão que tanto cansa por não querer dizer nada! Assim como a aprendizagem do inglês se tratou de um passo salvador que ninguém antes se tinha lembrado de incluir nas escolas… quando eu e tantos outros da minha idade tivemos de estudar ainda ele não era vivo! Ele que, nesta altura, utiliza aquela língua de forma aflitiva…
E é por estas e por outras que não consigo reter dentro de mim a angustia que me consome e que não me deixa sentir o mínimo de esperança em assistir com vida ao renascimento nacional. Ficar calado é que não fico. E, em prosa ou em verso, digo o que não me sai do pensamento, pois que para alguma coisa terá de servir a possibilidade que alguns têm de usar a nossa língua como forma de fazer o seu blogue ou usar outro meio que deixe para o futuro uma ideia do que sentiam uns tantos portugueses.
E não é necessário ir muito longe. Bastam algumas contas de somar, daquelas que se apr4endiam nas primeiras classes da escola primária para tomar conhecimento da enormidade de euros que vão ser precisos juntar, resultado das dívidas que têm sido feitas e dos juros que Portugal tem vindo a contrair no último ano, os quais chegavam para pagar toda a rede TGV, ou sejam 8 mil milhões de euros, e sem estarmos na posse dos números que o Governo, ainda em exercício, não divulga, podemos afirmar que o total dos empréstimos que nos têm vindo a ser feitos e dos juros que são cada vez mais elevados, chega-nos essa vaga ideia para, sem não criarmos ilusões que nem os nossos bisnetos ficarão libertos de tal carga e se não nos queremos enganar a nós próprios, concluiremos que este País, na sua pequenez, na sua falta de produtividade, com os governantes que temos tido e se os que vierem a seguir os igualarem, não será capaz de pagar a quem deve, e vão ser precisos muitos e muitos anos a desembolsar das nossas (deles dos vindouros) pobres carteiras os montantes astronómicos que quem nos emprestou tem de reaver.
Com novas eleições a bater à porta e em que, neste preciso momento, ninguém é capaz de garantir o que vai sair da votação dos portugueses, por muito que se acredite que o PSD irá ultrapassar a percentagem que calhará aos socialistas, o único que podemos estar certos é de que, depois de um período governamental que nos deixou na miséria em que estamos, o que se seguirá não vai ser um mar de rosas, posto que falidos como estamos e sem vislumbrarmos a maneira de nos libertarmos das dívidas, quanto a mim só prevejo o triste panorama de que não vai ser um mais do mesmo, mas um pior do que antes.
Se não aparecer quem – e será algum desses que se vão apresentar ao eleitorado? – tenha a capacidade de convencer os portugueses que não chega carregar nos impostos e diminuir (imprescindível) os gastos, mas que o essencial é que este País comece, por fim, a produzir aquilo que importa e que é muito (pois não se perdeu o costume de deixar de comprar o que é estrangeiro) e que se lance na luta de competir, em exportações, com o que outros países fazem – desde que seja melhor e a preços mais aceitáveis -, se essa personalidade não existir o panorama que se apresenta é o mais negro que poderemos todos imaginar.
Tem de haver alguém que se lance na campanha de descobrir o que é que poderemos fabricar por cá e para isso todo o investimento que seja feito em estudos de mercados esternos é dinheiro bem empregado. Esse AICEP (Instituição que, se bem gerida, pode e deve ser duma forma de salvação nacional e de que sai agora Basílio Horta, e onde deve ser colocado alguém que tenha valor, inteligência, sentido elevado de responsabilidade e imaginação suficientes para descobrir mercados para nos dedicarmos apenas a tarefas que tenham aí assegurados compradores, atraindo ao mesmo tempo capitais de fora para, com facilidades atractivas da nossa parte, os convençamos a utilizar no nosso território, até com ofertas de terrenos disponíveis pelas Câmaras Municipais e garantias de mão-de-obra do nosso povo para aqui se instalarem (com contratos de trabalho que, por muito que sejam contestados pelos sindicatos, serão os únicos a atrair produtores), essa instituição acompanhada também de uma abertura plena de facilidades e vária ordem que sejam melhores do que as que obtêm os que investem noutras nações, tudo isso poderá ser uma forma de, ao longo de muitos anos, podermos tentar sair do buraco em que estamos metidos. E deixem lá os tais partidos retrógrados, que se clamam de Esquerda, como se a posição geográfica de um partido é que desse indicação de que actua correctamente face às necessidades de um País - o mesmo digo eu em relação aos que se dizem de Direita - a bramar contra tais medidas, pois que sem tais actuações o nosso funeral está mais do que marcado. Iremos parar ao fundo… E, ao mesmo tempo, seria uma forma de chamar população portuguesa que abandonou as terras do interior, por um lado por via da conversa em que Cavaco Silva caiu para receber compensações europeia para diminuir a produção agrícola, e igualmente porque lhe faltou actividade nas povoações de origem, o que quer dizer que, se um PS ou PSD tivessem pegado nestes temas para os incluir nos seus pseudo-programas talvez algum interesse eleitoral despertassem no próximos votantes.
E, claro, para tal também é forçoso mudar a mentalidade de trabalho do nosso povo, pois sem um afinco que sabemos ter quando o utilizamos nas emigrações, sem isso não passaremos da cepa torta. Não é por se estar muitas horas para executar uma tarefa que se é produtivo, mas sim fazer o mesmo trabalho e bem no mais curto espaço de tempo possível!
Não escondo que não acredito que sejamos capazes de pagar as dívidas acumuladas, seja qual for o resultado das próximas legislativas. Se não houver ajuda externa, adiando largamente nas datas de vencimentos das dívidas e reduzindo de forma drástica as percentagens dos juros que aceitámos, bem podem vir eleições e mais eleições, presidentes e mais presidentes, que dar a volta a isto é que não será possível.
Nas duas declarações públicas que o PS e o PSD entenderam dar a conhecer ontem, para além de serem imensamente vazias de conteúdo prático, só servem para provocar ainda mais a confusão nas cabeças dos portugueses que ainda estejam dispostos a ir depositar o seu voto nas urnas no próximo dia 5 de Junho. Propostas concretas, claras e exequíveis, zero. Ignorância, falta de coragem, ausência de programas com pés e cabeça, referindo sobretudo a verdade dos factos e que é a de não termos forma de solver as nossas dívidas de empréstimos dentro dos prazos estabelecidos disso ninguém abriu o bico.
Não é agradável ler este texto, bem sei. Mas se houver outra maneira de nos safarmos, então que apareça quem tiver a receita. Eu, por mim, e depois de uma vida de trabalho, não sou capaz de tirar da manga uma solução que agrade aos que estão satisfeitos com o que têm…
Com esta “tropa”, a vitória para o confronto que temos pela frente não dá nenhuma ideia de estar vencida…
Este longo texto não é, evidentemente, um programa de Governo, embora eu me confesse capaz de elaborá-lo com matéria suficientemente convincente para atrair uma enormidade de hesitantes. E apenas com propostas exequíveis.
Mas, felizmente eu não sou político, muito embora tivesse em tempos sido aliciado para me sentar no Parlamento. Mas eu não me dou bem a dormir nas cadeiras e a ter de estar de acordo com aquilo que, mesmo de olhos fechados, não merece o mau acordo e não é possível encontrar de um parceiro disposição bem educada para se tentar encontrar soluções que, somados os dois pontos de vista, talvez constituam maneira de se resolver um problema.
Discutir não é comigo!

Sem comentários: