domingo, 24 de abril de 2011

PASSADO, PRESENTE E FUTURO





OS DIAS REFERENDADOS ESTABELECEM que os homens se devem comportar de acordo com as datas que se comemoram. E hoje, sendo Domingo de Páscoa, o costume, ainda que se esteja a perder cada vez mais e nesta altura com maior razão porque a falta de meios já limita as ofertas das amêndoas, mesmo assim, talvez os menos novos, ainda sintam necessidade de apresentar aos próximos os desejos de Boas Páscoas. Não falto a este hábito.
No entanto, temos de ser realistas e, mesmo sem fazer grande apelo a lembranças do passado, os mais pensadores não podem deixar de fazer vir à memória situações que só a morte acabará por fazer passar. E hoje deu-me para este tipo de apelo ao passado. Também, esta série de dias que estabeleceram dar de folga ao povo português, poderá contribuir para os que têm passado recuarem no tempo:
Quem, com idade para isso, teve vida profissional muito activa no período de antes do 25 de Abril e depois da Revolução atravessou aquela época de cabeça perdidas, com PREC e tudo, e assistiu à chegada em montanhas dos retornados, como se lhe chamaram, obteve uma experiência de vida a que eu chamei, em mais de umas ocasião, de geração sofrida. Foi o meu caso.
Nesta altura, em que temos por cá a chamada Troyka e que não é mais do que a derradeira forma de se tentar sair da situação económica, financeira e social que atravessamos e que se mostra como uma das mais embaraçantes de toda a Europa (porque os outros países também com dificuldades estão a dar algumas mostras de tentar conseguir sair da crise), precisamente na hora que em que estamos não nos podemos considerar como suficientemente tranquilos, pois que o futuro imediato que nos espera não no deixa viver com o mínimo de esperança.
Porém, por muito mal que tenha sido isso tudo, as indicações que já começam a surgir no que respeita aos anos que estão já à vista, mesmo que sejam aí uns vinte ou trinta, são de que muito pior do que agora ocorre vai ser o panorama que os nossos descendentes nacionais terão de enfrentar. Refiro-me ao que já constitui uma divulgação clara de que as reformas que os cidadãos com esse direito recebem, neste momento e na maioria dos casos – porque as excepções escandalosas não contam para efeito deste texto -, vão ver o seu fim, posto que os descontos que são feitos aos que ainda recebem salários, em dada altura não chegarão para suprir as necessidades de contribuir para os que antes descontaram.
Claramente, o número de desempregados que não se vê forma de reduzirem, logo gente que não desconta, e o aumento de pessoas que passam ao regime de reforma – o que se assiste a uma pressa excessiva de pessoas que poderiam ainda manter-se nas suas profissões mas que preferem utilizar o que a idade de 65 anos permite (atenção, que a Alemanha aumentou já essa marca) -, tudo isso é que contribui para que, dentro de 25 anos, dizem alguns que fazem estas contas, não haja reserva que baste para se cumprir a lei social que está estabelecida.
Quem lê este blogue não se admirará, posto que há já algum tempo que eu venho a alertar para tal situação. Mas o mal é que os políticos que temos e os que temos tido, como julgam que não chegarão a essa altura ou então gozam já de umas reformas de tal maneira substanciais que lhes dá para irem ponde de parte, e provavelmente no estrangeiro, o suficiente para sustentar o pior momento quando ele chegar, esses não dão mostras, pelo menos públicas, de estarem preocupados com o tema. Não se houve um que seja que se refira ao problema, como se o mesmo não ameace vir a constituir um dos maiores dramas por que Portugal poderá vir a passar.
A mim, como ninguém me manda calar e se o fizesse, mesmo que com todo o dinheiro do mundo, prefiro dormir descansado com a minha consciência do que ter uma conta bancária a abarrotar – até por também não sei muito bem se um dia não acontecerá ter-se a notícia de que as instituições bancárias nacionais começam a travar levantamentos.
Esse um motivo por que me preocupa excessivamente o facto de não assistir à intervenção pública do Presidente da República, quando tanta matéria existe por cá que obrigaria Cavaco Silva a sair do seu mutismo palaciano e a dar mostras de que, mesmo sem ter meios que a Constituição lhe faculte para intervir nos problemas, pelo menos apresentar-se-ia ao lado da população e insistia as vezes que fossem necessárias para que os intervenientes nas acções políticas, o Governo e as Oposições, deveriam, quanto antes colocar-se do mesmo lado da barreira, isto é a tentar encontrar modos de actuação que não dificultassem ainda mais a situação e, para além disso, transmitindo aos observadores estrangeiros que estão atentos ao que por cá se passa e até têm no terreno os seus representantes, que não somos um País regateiro e que não é com as afrontas que poderemos participar nas soluções que ainda estão por saber quais irão ser.
Mas se até entre os clubes de futebol, o Porto e o Benfica principalmente, não existe a capacidade de darem as mãos os responsáveis das colectividades, mostrando que não é com pedradas na rua que se ganham jogos, como é que poderemos esperar que na jogatina da política se assista a um entendimento que solucione o caos em que nos encontremos?
Não estou em fase de fazer críticas. É a tristeza que me envolve que ma deixa ainda mais amachucado com o que anda à minha volta. Digo à minha… mas é de todos nós que, para além da generalidade do panorama, cada um acarreta também com os seus problemas pessoais!

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