sexta-feira, 1 de abril de 2011

PAGAR AS DÍVIDAS


QUANDO ALGUÉM, INDIVIDUAL OU EM SOCIEDADE, não paga, na hora marcada, aquilo de que é devedor, o que é que está estabelecido, de uma forma geral, fazer? Pois os credores caem em cima do faltoso, individual ou colectivo, e, sem mais contemplações, tomam conta dos activos que existirem e que correspondam ao montante em dívida. É a lei inexorável da vida. No nosso País e por força das aquisições, grande parte excessivas, que foram efectuadas em períodos em que se criou o espírito de que se vivia com enorme fartura e até quando as instituições de crédito insistiam com as populações para não serem modestas nos pedidos, oferecendo mesmo valores maiores aos que eram solicitados pelos requerentes, atingiram-se montantes e vastidões de gente a ficar a dever o que logo se veria como seria pago, pois que as circunstâncias do momento não faziam prever que dias amargos se perfilassem perante os que tinham assinado os documentos das dívidas efectuadas. O Governo, por seu lado, também embalado pela canção da vida fácil, apoiou e entusiasmou mesmo os habitantes a não deixarem de aproveitar a ocasião tão propícia. Era fartar vilanagem! Isto ocorreu em Portugal, como igualmente teve lugar noutros países que se deixaram embevecer pela ilusão de que o mundo se encontrava numa caminhada paradisíaca. São conhecidos os pontos, especialmente na Europa, que foram atingidos por tal fantasia. Encontram-se enredados num problema que, pelos seus próprios meios, terão de solucionar… se o conseguirem. E terá de ser a produção própria, altamente aumentada, que poderá tapar o buraco financeiro que a imprudência lhes causou. E por cá? Somos nós capazes de ultrapassar esta situação de extrema gravidade de pagar aos nossos devedores? Eis a pergunta que se tem de por. Já ao longo do ano que corre, mas particularmente a partir do início de 2012 (mas, já no próximo mês de Junho, há que pagar aos credores qualquer coisa como mil milhões de euros !) os enormes montantes das dívidas contraídas, acrescidos dos juros que estão a cair sobre as nossas cabeças e que não nos deixam sequer respirar, tudo isso não haverá conjunto governamental que possa afirmar peremptoriamente que será capaz de cumprir com a obrigação que temos perante os diversos credores estrangeiros. Quer isto dizer que, na altura em que o Executivo que tomar conta do poder e em que será obrigado a enfrentar a realidade que, até agora, tem sido criminosamente escondida dos portugueses, só então é que todos nós ficaremos a saber que as mentiras produzidas por José Sócrates e pelo seu companheiro Teixeira dos Santos nos foram enganando ao longo de um largo período. E o desconsolo tomará definitivamente lugar no pedaço de esperança que ainda pairará por aí, particularmente naqueles que ainda depositavam alguma esperança no prosseguimento da governação do PS… sem o afastamento do seu actual secretário-geral. Como é que se irão pagar os milhares de milhões de euros que Portugal deve lá fora? Continuar-se-á a aumentar a dívida por outras vias, recebendo de um lado, com juros, e entregando do outro? Mas isso não pode durar infinitamente. Logo, para sair de algum lado e com a maior dificuldade, só com o apertar cada vez mais o cinto aos cidadãos nacionais, com mais impostos, diminuição dos salários e das benesses que ainda possam existir, corte absoluto das despesas e aumentando, portanto, o estado deplorável em que se encontra o País nas suas mais diversas necessidades de reparações (estradas, ruas, edifícios, etc.), e só já hoje se anuncia que, por exemplo, uma certa repartição da Justiça não tem tinta para as impressoras dos computadores, isso será apenas uma pequena amostra do muito que a que se assistirá neste nosso espaço. Não tenhamos as mais pequenas dúvidas. Portugal vai ser, e dentro de um curtíssimo espaço de tempo, um local onde a escassez de tudo constituirá o dia-a-dia da população. É certo que os senhores colocados nos postos de comando serão os que sentirão mais tarde tais faltas, pois que a enorme frota de carros de luxo que se encontram ao serviço de suas majestades, essas e outras regalias tardarão a ser cortadas, mas lá chegarão seu tempo. Sobretudo quando não houver dinheiro para pagar aos motoristas… É um quadro negro? Pois aguardem para ver. Felizes os que conseguirem partir do País ou até do mundo antes de tão dramático naufrágio suceder. Para os que cá se encontrarem ainda e sejam dos tempos de outras dificuldades antigas, permanecer a assistir e a sofrer o que aí está a aparecer, é, de facto, uma maldade que não se deseja nem ao maior inimigo… O Presidente da República, em palavras dirigidas ao País, pôs ponto final no interregno que durou demasiados dias. Foi aceite a dissolução da Assembleia da República pelo Conselho de Estado e por unanimidade. E a data da eleições legislativas ficou marcada para o dia 5 de Junho próximo, o que quer dizer que os neófitos do Executivo a ser formado recebem nos braços um presente que tem de apavorar o mais valente dos candidatos. Os apelos de Cavaco Silva para que a campanha que se vai iniciar não constitua uma ataque feroz entre os participantes, não sei se será correspondida pelos diferentes partidos que e perfilam. Eu, por mim, duvido que os políticos que temos sejam capazes de colocar o interesse do País acima das ânsias de cada um em fazer parte do patamar do poder. Mas veremos se, pelo menos nesta ocasião tão dramática que se atravessa, os homens serão capazes de não mostrar os defeitos que o ser humano é tão pródigo em exibir. Já sabem o que eu penso de toda essa gente. Bem gostaria de estar completamente enganado.

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