quarta-feira, 6 de abril de 2011

MUNDO, EUROPA E PORTUGAL PERDIDOS


ENCONTRO-ME DISPOSTO a pôr de parte, pelo menos durante este período de confrontos partidários para serem convencidos os eleitores portugueses a escolher o grupo que lhes parecer menos mal – ou até o ideal, para os seguidores implacáveis de ideologias políticas - , e vou dedicar-me particularmente ao grupo de países que constituem este velho Continente que se chama Europa. A História mostra-nos que, ao longo de séculos, sempre se verificou uma constante desavença entre muitos dos participantes, que foram aumentando com a evolução dos acontecimentos, e isso por diversas razões, de que se sobressaiu com frequência essa desprezível característica humana da inveja, não constando dos anais das memórias qualquer período de tranquilidade absoluta e de concordância entre os vários responsáveis governamentais deste Continente. Quando, em 1957, foi firmado pelos iniciados protagonistas, o Tratado de Roma, a esperança era muito grande de que se tinha encontrado, por fim, uma forma de criar a ligação de interesses entre os povos que sempre tinham estado de costas voltadas e a levar a sua vida sem atender os interesses dos outros, vizinhos ou mesmo mais distantes mas todos no mesmo espaço europeu. O aparecimento da moeda única também fortaleceu esse propósito e aqueles que não participaram na aliteração do seu dinheiro, sempre se foi guardando o momento em que tal acabaria por suceder. O tempo, porém, foi passando. Outras nações deram mostras de querer aderir ao grupo e de aceitar as condições gerais que fazem parte do compromisso. Tudo parecia encaminhar-se no bom sentido e que, mesmo lentamente, se acabaria por alcançar o que era desejado por bastantes de nascer uma federação de estados, uma espécie do que existe há bastante tempo no outro lado do Atlântico: uns Estados Unidos. Só que o homem não deixa de impor as sus características e as mais visíveis são precisamente as da desunião. Que os outros concordem consigo, tal é desejável, mas o contrário já é mais complicado. E assim sucedem-se os afastamentos, agora nisto e depois naquilo. O que se contempla nesta altura na tão sonhada Europa é um conjunto de países que, cada um por seu lado, procura ultrapassar as enormes dificuldades que a crise que atravessou o mundo trouxe até esta zona e, ainda que admitido que alguns dos participantes não têm dados mostras de saber actuar com o bom senso indispensável para não serem cometidos erros fatais – e esse é, temos de declarai-lo abertamente – o nosso caso, numa altura em que seria imprescindível verificar-se uma fraternidade absoluta para deitar a mão aos mais atingidos, o que sucede é a negociata dos empréstimos a juros pesadíssimos, saltando para a cena os utilizadores dos males dos outros para eles próprios fazerem grandes fortunas. Quando eu afirmo repetidamente que o ser humano é o maior inimigo de si próprio e o grande destruidor daquilo que o Globo Terrestre poderia proporcionar de bom aos sues habitantes, não sendo essa a opinião de muita gente que vive da fé em qualquer coisa e por isso repete a frase bela mas sem cumpridores de “amai-vos uns aos outros!”, perante este meu convencimento só me resta não me calar enquanto tiver o mínimo de forças para tocar o sino do aviso. E se o Mundo está como está, com as guerras e as mortandades que se verificam por todos os sítios, se a Europa não consegue dar as mãos e acertar o passo para seguir a via ideal que foi imaginada, só nos resta interrogar: como é p+possível que Portugal, este cantinho à beira-mar plantado e com condições para formar um bloco ibérico que tenha os Pirinéus a protegê-lo das ambições externas, não venha a ser capaz de criar a sua própria harmonia, a política, a económica e, acima de tudo a social, já que somos apenas dez milhões, temos o maior mar à nossa disposição e as terras que por cá existem sempre chegam para fazer renascer uma agricultura de primeira qualidade? Claro que nos faltam os homens de qualidade que mereçam as benesses que a Natureza nos oferece. Mas se só nos surgem os Sócrates que afirmam que “fazem o seu melhor” e não são capazes de ter a humildade para reconhecer os seus erros, o filme que surgirá na volta da esquina é de autêntico terror…

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