quinta-feira, 31 de março de 2011

TARDE DEMAIS


ANTÓNIO BARRETO tem razão quando agora afirma que Portugal deveria ter pedido a entrada do FMI (ou da organização europeia que existe com idêntico fim) há mais de um ano. Foi o que eu escrevi neste blogue em idêntica altura, o que provocou um enxame de protestos que me chegaram especialmente de anónimos… é o costume! Quando já era mais do que claro que as finanças do Estado escasseavam e que se caminhava para uma situação que se degradaria cada vez mais se não tornássemos as medidas urgentes e necessárias por forma a evitar as corridas sucessivas que não pararam com os respectivos aumentos consequentes dos juros que nos têm sido aplicados – já nos encontramos, neste momento, na escala dos 9% -, se a teimosia do fulano que ainda por cá anda em afirmar, no auge da sua ignorância, que o nosso País não necessitava de ajudas externas, se existisse no meio daquela gente que se mantêm no Executivo, ainda que de saída, alguém que surgisse a público a demarcar-se de tal posição criminosa, mesmo que isso representasse a expulsão do “atrevido” que não seguia cegamente as orientações do chefe, pelo menos surgiria alguém no seio do gang socratiano que se libertaria das acusações que a História acabará por registar. Agora já é tarde para evitar o que se mostrava como inevitável. Após a entrada do novo Governo que aí tem de chegar e conhecidas que forem as contas reais que dizem estarem a ser escondidas do conhecimento público, de mãos na cabeça vamos todos assistir ao que não poderá ser mais ocultado e a realidade ainda surgirá muito mais terrível do que tem sido anunciado por alguns comentadores mais realistas. E então, com Cavaco Silva a actualizar-se com o espectáculo que tem sido guardado no fundo do cofre dos segredos, aí sim tomaremos consciência do que é deixado aos portugueses ainda com algumas esperanças e aos futuros cidadãos que, nesta altura, se têm ficado por proclamem que estão à rasca”… É por isso que eu deixei de acreditar no nosso País. Tal como ele é, evidentemente, e como ficará depois do “tsunami” que uns certos homens e não a Natureza provocaram, posto que só nos restará aguardar por alguma coisa que provoque uma transformação arrebatadora do que é este País, aqui colocado na ponta da Península Ibérica. E por Ibéria, por muito que isso custe a bastantes cidadãos que ainda mantêm na cabeça o que lhes foi incutido com a história de Aljubarrota, vamos a ver como se salva a Espanha da crise que também a atingiu, mas de que se está a sacudir, ainda que com dificuldade. E, com o tempo, com as necessidades, com a impossibilidade de voltarmos a ser um País com futuro entregue a si próprio, pode ser que se tome consciência de que a união faz a força e que uma Ibéria, como região autónoma ainda que constituída por povos diferentes, com características específicas, com línguas que divergem, mas com muita coisa em comum, sobretudo o interesse em formar um bloco económico forte, marque presença numa Europa que, como é visível, não consegue formar a Federação que se impunha. Lá estou eu a julgar que tenho razão antes de tempo. Mas o meu passado e a ideia que sempre tive para este meu País com o maior mar (inaproveitado) maior que qualquer nação europeia tanto inveja, ao ter de me convencer que nos falta capacidade para cumprir a obrigação que a nossa História impõe, tenho o direito, como cidadão, de imaginar uma saída para tamanha calamidade que nos caiu em cima. É forçoso esclarecer que a ideia não é a de passar a haver um só País neste canto em lugar dos dois que formam a Península. O Benelux é um bom exemplo, mesmo que tenham de se aplicar certas características que as circunstâncias impõem. Um grupo forte que mostre à Europa comunitária que há que dar a maior atenção a estes povos ibéricos que, para além do mais, até gozam da vantagem geográfica de estar voltados para o mundo, o passarmos a contribuir correctamente para o bem dos 27 ou dos que vierem a aderir, essa posição só será possível atingir se não se apresentarem estes dois vizinhos ibéricos sempre de barrete na mão. Claro que, constitucionalmente, há que mexer no texto e adaptá-lo ao que o novo modelo mostrará poder ser eficiente, mas não será por aí que tudo se manterá na mesma, ou seja de pés descalços a aguardar que sejam os outros a resolver os assuntos que nos pertencem. Fico-me por aqui. Tenho insistido tanto neste tema – na verdade desde há mais de 50 anos que defendo este tese -, que não vale a pena pôr mais na carta. Quem tiver melhor ideia para tirar-nos do fundo do poço, que saia à liça e diga de sua justiça.

Sem comentários: