domingo, 20 de março de 2011

O QUE INTERESSA


QUE INTERESSE PODE TER, aos que por cá se vêem envoltos no problema principal que nos aflige, que o mundo se encontre nesta altura a enfrentar um número enorme de problemas que, pela sua periculosidade e dadas as consequências que se antevêem no horizonte, o mais próximo mas também que surgirá a um prazo que nos atingirá a todos, que razões existem para que os portugueses se incomodem excessivamente se, as situações que ocorrem entre as nossas portas, o termos de encontrar forma de solucionar o maior imbróglio que por cá existe e que se chama Sócrates é isso que nos atinge directamente e o resto é lá com os que se defrontam com berbicachos que os obrigam a solucionar cada um em sua casa?
Na verdade, ao seguirmos os noticiários televisivos e as crónicas que ocupam todos os espaços escritos quer pelas redacções quer pelos colaboradores avulso – e, claro, não excluo os “blogues” -, constatamos que os motivos base de tais escritos e de imagens se filiam no que ocorre nesta fase que se classifica como sendo de uma crise política com que o País se encontra confrontado. A continuação do Governo chefiado por José Sócrates situa-se, no período que estamos a atravessar, o maior acidente que poderia ter chegado até nós e a solução desse fantasma é o que ocupa toda a atenção dos portugueses.
Ao redigir este texto tenho também de concordar que, dentro do princípio de que cada um cuida de si e que com o mal dos outros podemos nós bem – frase bem portuguesa e que se encontra enraizada no espírito bem nacional -, realmente não há desgraças no mundo que possam sobrepor-se àquela de que andamos a sofrer as consequências na pele há, pelo menos, dez anos. Mas, ao parar para reflectir com absoluta independência, não posso deixar de contemplar todo o panorama que o mundo nos está a mostrar desde há já algum tempo e resignar-me a considerar que temos todos nós por cá a sorte de não terem ocorrido neste nosso rectângulo os dramas que fazem sofrer populações e países que se encontram na fase de deitar mãos à obra e de reconstruir tudo, desde o princípio, aquilo que forças da Natureza ou forças humanas deixaram em absoluta destruição material, moral, política e social. Cada caso com as suas causas.
Bem sei que também é uma forma de comportamento lusitano actuar de forma totalmente ao contrário, ou seja não se lastimar quando se quebra uma perna, pois muito pior seria se tivessem sido as duas…, mas há que recorrer sempre a um mínimo de bom senso e de saber medir as dimensões das desgraças e de estabelecer paralelos entre o que ocorre connosco e o que vitima os outros.
Em resumo: as lutas fratricidas que se instalaram no Médio Oriente e que provocaram – e ainda não estão solucionadas – as quedas de alguns governantes de todo o poder e as mortes de muita população que entendeu chegar a altura de terminar com tais situações, sendo que, no caso da Líbia, a recusa de um Kadafi em largar o poder, tem provocado a luta contra o próprio povo líbio e a intervenção em ultimo extremo de países estranhos ao facto interno, provocando ainda maiores aumentos do preço do petróleo, igualmente a falta de entendimento no ambiente dos países reunidos em redor do interesse europeu e da defesa de uma comunidade que se devia apoiar mutuamente, com a mesma moeda mas sem conseguir formar a tal federação que se impõe para que o euro não acabe por se diluir, bem como – e com um verdadeiro sublinhado que deve ser feito - a tão recente e dramática catástrofe ocorrida no Japão e que ninguém garante que não se venha a alastrar, por via da mancha nuclear, a outras zonas do mundo, provocada por terramotos e por tsunamis que o homem não pode controlar, tudo isso, a nós portugueses, mesmo assistindo às descrições de tais acontecimentos, não representa uma aflição tão merecedora da maior atenção do que o caso que podemos resumir chamando-lhe Sócrates, pois, há uns tempos para cá, é esse o motivo de toda a nossa atenção e que consegue reunir o maior número de intervenientes que põem de lado todos os outros enormes casos aflitivos que ocorrem no nosso Planeta.
As manifestações dos “à rasca”, num sábado, a outra ocorrida ontem e organizada pela CGTP, as greves dos camiões, os desfiles dos professores, tudo isso faz deslocar pessoal para, de braço no ar, com cartazes preparados com frases feitas e os chefes desses grupos, que por sinal não são desempregados, tudo isso faz considerar os tão graves problemas que ocorrem no mundo como sendo de somenos importância.
Mas o que nesta altura ocupa todo o espírito lusitano, dos que são a favor dos que são contra, é, sem dúvida, a grande questão de saber se, na semana que vai entrar, o Governo de Sócrates continua agarrado ao poder ou se outra solução surgirá, por via de eleições ou outra, mesmo que a fé em que as coisas melhorem não seja a que domina os que conhecem melhor a situação política, económica, financeira e social do nosso País. Porque esses, entre os quais me situo, não alimentam grandes esperanças de que se encontre à vista uma alternativa que dê garantias de que os que se sentarem no poder tragam as receitas mais adequadas para pôr a funcionar aquilo que se impõe e que é o atacar o desemprego, o aumentar a produção nacional, o acabar drasticamente com as despesas desnecessárias e meter na cabeça dos portugueses que é forçoso que cada um cumpra, com o seu trabalho afincado, a obrigação que lhe cabe de não aguardar que seja o Estado que tem de fazer tudo.
Que existem políticos à espreita para se sentarem nos lugares nos gabinetes, isso está bem à vista. O PSD há já bastante tempo que o demonstra. E o CDS de Portas, hoje até com uma reunião em Viseu em que não foi escondida a sua ânsia em voltar a ocupar um ministério (oxalá não seja de novo a Defesa e não se verifiquem mais compras de submarinos) e em que os seus sequazes apelaram para que lhe fosse dado o posto de primeiro ministro, tudo isso dá mostras de que o ser humano e os portugueses em particular não perdem tempo em demonstrar que são sempre os melhores e que nuca se enganam.
Mas que temos de não ficar parados, lá isso é verdade. E os jovens de hoje, que se dizem que estão agora “à rasca” o que será que vão dizer quando tiverem de fazer dos bolsos os pagamentos dos milhares de milhões das dívidas que têm sido feitas até hoje.
Pessimista? Nem por isso. Quem cá estiver lá para diante, quando tudo isso ocorrer, se houver quem leia blogues antigos que me faça a estátua ou me dê um nome de rua, o que nem será caso para admiração, dado que, segundo parece, estão a preparar uma cerimónia para encontrar uma parede onde surja o nome de Carlos Castro!...

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