domingo, 13 de março de 2011

MÃO NA CONSCIÊNCIA


TENHO DE DIZER ABERTAMENTE que não fiz parte da multidão que participou ontem no protesto que adoptou o slogan de “geração à rasca”. O texto que escrevi na véspera do acontecimento para ser lido no próprio dia dava conta da opinião que defendia e defendo de que não é apenas a juventude que tem razões para se insurgir contra a situação a que o País chegou. E referi-me, repito hoje, àquilo que foi um título que dei em artigos saídos na Imprensa em que eu classificava os habitantes portugueses da minha área etária de “geração sofrida”, posto que nós sofremos antes, na época da ditadura, e depois, com o PREC que, quem já se mexia por cá, bem teve de suportar. Isto, claro para os que tinham profissões como a minha, de jornalista, perseguidos pela PIDE e depois, por aqueles que sempre há e muitos que apanham os comboios das revoluções, que têm de ser chamados de “revolucionários de pacotilha”.
Face a isso, levantei a questão de que não eram apenas os jovens que tinham razão para protestar contra o estado a que isto tudo chegou. E reafirmo agora esse ponto de vista.
Mas, como é importante que cada um de nós, ao reconhecermos que não acertamos em pleno na atitude antes tomada (que bom que seria que José Sócrates tivesse essa capacidade de emendar a mão), o declaremos publicamente, aqui venho eu acrescentar alguma coisa que esclareça o que ficou escrito neste blogue. É que, ao assistir televisivamente à manifestação que teve lugar, meti a mão na consciência e, repetindo o tema-base de que os seniores e os de mais idade sofrem ainda mais as consequências de um actuação política socrática que é absolutamente condenável, não posso agora deixar de reconhecer que uma movimentação daquele volume só era possível com a rapaziada a fomentar a sua organização, pois que a mesma junção de tanta gente, se não gozasse do privilégio dos mais novos terem metido ombros, ainda que um pouco aventureiramente, não seriam as gerações seguintes que iriam tomar a iniciativa, dado que, como se tem visto, é unicamente através de organizações politicas e sindicais que se consegue, e com a utilização de grandes verbas, que se levam a cabo coisas parecidas como a de ontem, mas sempre sem o fervor e a verdade que se verificou em Lisboa, Porto e nalgum outro lugar.
Parabéns, pois, juventude. Não é que dali saia alguma coisa que dê a volta a toda a incompetência do Governo e aos passos temerosos das Oposições. Muito menos Sócrates se terá incomodado muito com o que terá visto televisivamente (julgo eu). Mas é possível que alguma coisa possa surgir agora do sector partidário e que tenha servido de injecção de vitaminas naqueles que andam há muito tempo a criticar mas que não se atrevem a ocupar um lugar que, na verdade, provoca susto por ser da maior dificuldade tirar agora Portugal do buraco em que o meteram. É que, se isso acontecer e tudo se mantiver na mesma, então é que o “enrascanso” se transformará nalguma coisa que não se fica por uma passeata pela avenida da Liberdade, com cartazes e cantares de “povo unido”…

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