quarta-feira, 2 de março de 2011

DIA 12 DE MARÇO


AS MANIFESTAÇÕES populares não têm mostrado produzir resultados práticos e disso bem sabem a CGTP e a UGT que, das vezes que encabeçaram reuniões, mais ou menos numerosas, tudo depois se manteve na mesma e as reclamações que foram gritadas nas ruas não levaram a que as autoridades alterassem alguma coisa do que estava a ser levado a efeito.
Acontece, porém, que o que ocorre em países do Médio Oriente, em que as praças com nomes não adaptados às circunstâncias políticas reais ali vividas, como Liberdade e parecidas, têm mostrado a todo o mundo que os povos respectivos que por lá até armam as suas tendas durante dias seguidos, estão a conseguir, se bem que com grandes perdas de vidas, lá vão fazendo abandonar os líderes dos lugares que têm ocupado, alguns há dezenas de anos. E isso talvez anime quem, em outros lugares, procure optar pelo mesma forma de protestar contra os regimes que querem ver afastados.
Por cá, nós que sempre tardamos em seguir exemplos vindos do exterior, especialmente aqueles que merecem ser reflectidos e adaptados às nossas características, talvez neste momento entusiasmem a juventude nacional a usar um sistema idêntico, pelo que está a ser propagada, especialmente pelo Facebook, a manifestação em todo o País, mas sobretudo em Lisboa e na Avenida da Liberdade, constituída pelo ajuntamento de muitos dos que se encontram insatisfeitos com a actuação do Governo que temos, sobretudo no que diz respeito às condições que suportam hoje os mais novos, incluindo os que alcançaram estudos que, em teoria, lhes deviam permitir serem chamados a prestar a sua colaboração em actividades que ponham um travão no desemprego que grassa por aí.
Não existe a mais pequena garantia de que este desfilar de reclamantes acabe por resultar em algo de positivo, até porque não é através dessa prática que os governantes tomam consciência de que estão a ser detestados pelos cidadãos, e, ao assistirmos ao que ocorre com Kadafi, em que, mesmo face à movimentação que os líbios não escondem e em larga escala, o líder surge a proclamar que é amado por todos os nacionais do seu País, o que tem de nos levar a encarar a realidade e a esperar que, logo no dia 13 de Março, José Sócrates se pespegue perante as câmaras de televisão a declarar que aquela multidão que terá desfilado era composta por gente comandada pelo Al-Kaeda… como o coronel líbio diz histericamente agora!
O problema principal é que, não estando visível um substituto de primeiro-ministro que se apresente com um programa e com uma lista de ministros que possam substituir os actuais e que esteja preparado para uma eventual falta de maioria absoluta – de pé atrás em relação a um resultado eleitoral que obrigue a que o CDS se imponha a fazer parte do conjunto -, tudo o que constitua fruto de manifestações não representa uma solução que valha a pena ser encarada, e o tempo vai passando com o cancro da ruína económica e financeira de Portugal a alastrar-se.
Ao menos que o PSD, com um Coelho que também não ata nem desata, desse mostras de que consegue a coragem suficiente para enfrentar a situação e que tem planos concretos para dar a volta à situação, isso já seria alguma coisa que permitiria ir-se estudando a possibilidade de alterar o que está.
Não existem garantias de que seja a solução ideal mas, pior do que aquilo que suportamos, isso já constituiria uma esperança de se vislumbrar alguma luz ao fundo do túnel! Sempre será uma forma de sair deste atoleiro em que nos encontramos

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