sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

QUE RICOS SALÁRIOS!...


SE EU SOU UM DAQUELES que expressa publicamente o seu enorme desagrado em relação ao caminho que a situação portuguesa leva e que tem sido a causa pela qual atingimos o estado degradante em que Portugal se encontra – e que nos pode importar, como desculpa, que outros países atravessem igualmente um período difícil! -, muitos mais cidadãos haverá que, não sendo indiferentes a tudo de mau que os nossos governantes praticam, também se arrepelarão por não assistirem a medidas que deveriam ser tomadas e que deixam indiferentes aqueles que estão colocados nos lugares que lhes dão possibilidade de remediar algumas situações.
Eu devo confessar que me falta já o mínimo de complacência para tentar encontrar desculpas que minimizem os erros que são praticados, como também a falta de senso (para não chamar outra coisa) para meter mão nos problemas que correm mal e que se mostram necessitados de medidas imediatas e decisivas.
É que há coisas que nem precisam de grandes cabeças para verificar que não podem continuar por mais tempo a correr tal como se encontram. As dos salários e de todas as benesses que são atribuídas a uma rede enorme de figuras que, por muito que mereçam ser compensadas nos casos em que mostram competência – se for esse o caso, aliás raro -, essas situações, numa altura como esta em que a população se defronta com as maiores dificuldades, o País tem pela frente um encargo de dívida e de juros que levarão muitos anos a ser resolvidos e o desemprego atingiu proporções que põem até em causa a tranquilidade social que, com os exemplos vindos do Médio Oriente, podem provocar reacções inesperadas, face a tudo isso as condições extra favoráveis que continuam a ser concedidas a uma classe privilegiada que representa mesmo uma afronta e um desafio aos que têm de recorrer à ajuda de comida para sustentar as suas famílias e não existe nenhuma desculpa para que as entidades que têm na mão o poder de decidir não actuem eficazmente, por forma a que não se verifiquem, nesta altura, tais anomalias.
O exemplo que a comunicação social já tornou público de algumas figuras estarem a auferir salários e outras ajudas que ultrapassam, esse mau exemplo pode ser aqui reproduzido. Alguns elementos que actuam na RTP constituem uma pequena amostra do muito que há a fazer, visto que rondam os 15 mil euros mensais, desde José Alberto de Carvalho, Judite de Sousa, José Rodrigues dos Santos e outros, mesmo que andem na casa dos seis mil euros. Mas não é apenas aí que se verificam os exageros, posto que já foi divulgado que Basílio Horta, agora presidente do IACEP. O tal instituto que tem a seu cargo a responsabilidade de fazer com que aumentem as nossas exportações pelo mundo e pormova os investimentos estrangeiros no nosso terreno, tal antigo membro do CDS e hoje colaborador do PS, ganha mensalmente 6278 euros, para além de subsídio de almoço, carro e motorista e seguro de saúde e isso enquanto oito membros da direcção do mesmo Instituto custam ao Estado 450 mil euros anuais.
Por aqui se vê o forrobodó que representa estar incluído em organismos que, dependendo dos dinheiros públicos, sobrecarregam o passivo de um País que, dentro de pouco tempo, poderá não poder pagar as reformas daqueles que trabalharam toda uma vida. E eu, com este blogue, como todos os demais que só podem revoltar-se a nível de amigos e família, só podemos assistir e sem possibilidade de fazer os que mandam pagar, a dinheiro ou de outra forma, o que significa a sua indiferença face a estas malvadezes.
E aproveito ainda para voltar a falar do AICEP. Este Instituto, que existe há vários anos e já teve outro nome, tem sobre si uma enorme responsabilidade, pelo que não se admite que tenha ao seu serviço um único elemento que não esteja mentalizado para a tarefa importante que lhe cabe, sobretudo estando colocado em diferentes países em que a sua actuação é fulcral para que os nossos produtos sejam aí introduzidos e se crie o interesse em transferir para Portugal investimentos que aumentem por cá a produção nacional. O resultado do trabalho de cada um deveria ser divulgado para se ter a noção concreta de que se justificam os montantes que custam os respectivos escritórios, alguns deles criados, segundo se diz, para dar emprego a familiares e amigos.
O cidadão nacional, na sua esmagadora maioria, não tem a mais pequena ideia no que diz respeito a estes casos como a inúmeros outros em que só interessa aos promotores das actividades favorecer outras pessoas, ainda que com prejuízo de não ser feito, no mínimo, um trabalho que seja útil à comunidade.
Se eu hoje ainda dirigisse um Jornal independente, como foi o caso de “o País”, que mesmo assim resistiu dez anos, nada destas coisas ficaria por denunciar. E não para favorecer qualquer partido, mas apenas para benefício dos interesses de Portugal e do seu povo, que anda há muito tempo pelas ruas da amargura… e que amargará ainda mais se não surgir quem, democraticamente, saiba dar a volta a isto!

Sem comentários: