segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

DIA

O que é isso de ser dia
a folha do calendário
a página que se vira
algo que até agonia
pertence ao nosso fadário
seja verdade ou mentira?

Quem de manhã se levanta
aí o tem pela frente
será igual ao de ontem
e p’ra quem tem vida santa
ou p’ra quem está doente
haja quem cenas lh’apontem

O ser sempre a mesma coisa
monotonia de vida
faz perder a esperança
a ambição sequiosa
uma alegria contida
toda e qualquer confiança

Só se deseja que chegue
a noite para dormir
esquecer dia passado
nem mesmo assim se sossegue
a pensar no que há-de vir
virando-se p’ró outro lado

Mesmo ocupando a cabeça
levando-a sempre a pensar
como a fazer estes versos
não é coisa que se esqueça
o nunca se variar
os dias só são perversos

E mesmo a ver os marcelos
que todos dias invadem
nossos ouvidos e olhos
falando p’los cotovelos
julgando que persuadem
só nos criam é ferrolhos

Quem está preso e risca a data
na folhinha na parede
contando o tempo que falta
sabe bem que o que empata
é’star envolto na rede
que tapa os olhos à malta

Mas os milhões deste mundo
tendo muito que fazer
não podem estar seguros
que cada dia no fundo
traz algo para prever
que não aumentem os juros

É essa a situação
no trabalho ou na reforma
com emprego ou sem ele
não está pois na nossa mão
descobrir plataforma
pois há que sofrer na pele

Cada dia que aparece
que temos d’iniciar
no estado em que tudo está
só lá vai com uma prece
para os que sabem rezar
ou andar ao Deus dará!




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