sexta-feira, 8 de outubro de 2010

GRANDE FROTA


UMA DAS RAZÕES por que me insurjo tanto contra a governação que temos de suportar reside também no facto de não vermos aqueles que têm poder para actuar não mostrarem capacidade (ou conveniência) para pôr termo, no capitulo das despesas publicas, aos gastos que seriam facilmente eliminados se existisse um mínimo de sentido de responsabilidade e igualmente alguma competência para deitar não aos casos que entram pelos olhos dentro.
Os dispêndios que pesam no erário publico e que, a muito medo, o Governo pretendeu baixar na preparação do Orçamento do Estado que vai ser discutido no Parlamento, não atingem o sector que tanto castigo provocam nos dinheiros que os cidadãos pagam, o qual não abarcou o sector da frota automóvel que, exageradamente, é constituída por dezenas de milhares de viaturas que se encontram ao serviço de uma exagerada quantidade de servidores do Estado, os quais, nas circunstâncias actuais do nosso País, deveriam há muito tempo, pelo menos há dois anos, ver retirada tal regalia.
Tenho escrito sobre este tema, aqui neste blogue, variadíssimas vezes e não é por isso que tenho de me considerar uma cabeça pensante extraordinária. Já não se trata apenas de colocar à venda os excedentes da referida frota, o que representaria uma entrada de dinheiro nos cofres do Estado, mas sim e principalmente baixar substancialmente o gasto com combustíveis e reparações em avarias, assim como os motoristas – que são umas centenas largas – que se encontram em exclusivo ao dispor de suas Excelências, mas a anotação que tem sido feita hão interessa aos “patrões” que poderiam deitar mão a este assunto.
Neste momento em que todos suportamos a crise que nos atormenta, seria bem aceite por todos os portugueses que sentem na carteira os apertos que lhes são impostos, que os carros que se encontram ao serviço de servidores beneficiados do Estado se limitassem aos ministros e secretários de Estado e seus equivalentes, sendo que, dai para baixo, incluindo os directores-gerais, cada um deveria requisitar um veiculo aos serviços criados para o efeito, responsabilizando-se pela verdade do pedido, surgindo um carro que fosse e com o motorista que estivesse disponível, acabando de vez e até que as circunstancias económicas, financeiras e sociais se alterassem para melhor e permitissem que as Finanças nacionais suportassem essas mordomias. E até isso suceder, infelizmente ainda vai passar muito tempo. Anos, se tivermos a sorte das circunstâncias nos favorecerem!...
O mundo que nos rodeia e a Europa em particular assistiriam a esta determinação do nosso Governo como prova de que se está a cuidar, com a devida atenção, do futuro que temos de enfrentar, pondo um ponto final nas despesas que têm constituído um gozo dos “mandões” da nossa política e a que se deveria ter posto um travão há muito tempo.
Se isso tivesse sucedido, não estaríamos nesta altura libertos das dificuldades que mais nos penalizam, como é o desemprego, mas, pelo menos, teríamos condições financeiras mais folgadas que permitiriam uma margem menos penosa por forma a poder reduzir as sucessivas dívidas que representam o gesto diário da governação que temos. Quando o primeiro-ministro aparece a afirmar que em nada remediávamos com o termos tomado precaução nos gastos em período anterior, o que está a dar mostras é de, das duas respostas uma à escolha: ou a mentir descaradamente ou a mostrar-se de uma ignorância aflitiva para quem, no mínimo, deve pedir informação aos que, em seu redor, ainda terão alguma consciência do terreno que pisamos. Mas qualquer delas não pode deixar-nos descansados.

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