quarta-feira, 29 de setembro de 2010

SALÁRIO MÍNIMO


NA VERDADE, nos tempos que correm, ter como salário mínimo imposto por lei a insignificante verba de 475 euros representa um esforço que é imposto aos portugueses que, devido às suas condições profissionais e de preparação educativa, não têm condições para auferir salário superior. E será por isso que os movimentos sindicais tanto reclamam para obter uma subida para 500 euros que, mesmo assim, continuam a constituir insuficiência para sustentar qualquer família portuguesa.
Mas este é o panorama que se contempla no nosso País e, devido às circunstâncias que são proporcionadas pelo estado ruinoso das finanças e da economia em que vivemos, temos de reconhecer que não haverá possibilidade de se verificar uma subida, posto que a esmagadora maioria das empresas, tanto as pequenas e médias como bastantes consideradas grandes, lutam com grandes dificuldades mesmo para suportar os baixos salários.
Pondo de parte os aproveitadores das circunstâncias, que sempre existem, e que podendo distanciar-se da referida limitação não querem dar mostras das suas condições mais favoráveis, o certo é que o nosso País se situa numa plataforma em que a baixa de salários será ainda a única possibilidade de aguentar a concorrência de preços dos produtos que saem das suas indústrias, quando não até a manutenção das empresas a funcionar se baseia nessa triste atribuição de salários baixos. E, no panorama actual, não haverá por agora qualquer volta a dar, por mais que a CGTP de Carvalho da Silva (que salário terá?) e arredores pretendam que se siga outro caminho.
O facto da OCDE ter vindo propor a Portugal que se congelem salários, se reduzam os subsídios e terminem as novas admissões na função pública, pelo que dizem que pode representar um corte substancial de 3 mil milhões de euros até 2013 - no seu estudo que foi entregue ao Governo com o intuito de equilibrar as nossas contas públicas também o aumento de impostos tem de ser levado em consideração, o que deve ser apenas aplicado, digo eu, em derradeira situação, pois não se podem suportar mais encargos deste tipo -, não exclui a recomendação da poupança que se impõe em várias áreas, como sejam o corte de benefícios fiscais e a redução da protecção aos trabalhadores, o que permitirá a possibilidade, segundo eles, de representar uma poupança pública na ordem dos 24 mil milhões de euros, até ao final de 2013.
Quer dizer, portanto, que as notícias que nos chegam vindas do exterior, fruto de observações estranhas ao nosso domínio político, do Governo e das Oposições, vão todas na direcção de apertarmos o mais que seja possível o cinto que temos mantido demasiado frouxo (no caso dos gastos supérfluos) e, por aí, por mais que reclamem algumas forças políticas que se dizem defensoras dos interesses dos que trabalham, não haverá alternativa se quisermos emendar a mão de uma governação que não foi capaz de ter evitado este descalabro a que chegámos e que se poderia ter evitado em boa medida se não tivéssemos andado por aí a construir e a inaugurar pomposamente auto-estradas, como quem implanta um chafariz, e, ainda por cima, com a maior desvergonha, há quem mantenha a ideia teimosa de construir o novo aeroporto, a ponte sobre o Tejo e, imagine-se, o TGV.
Como é que, com políticos deste cariz, se poderá sair do miserável salário mínimo que cria as maiores dificuldades de subsistência aos muitos portugueses que, apesar de tudo, sempre preferirão essa miséria do que não ter sítio para trabalhar?
O pior é que se dá o caso também de o subsídio de desemprego ser, em muitos casos, preferido pelos desempregados do que o trabalho que, apesar de tudo, aqui e ali lá aprece!...

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