quarta-feira, 15 de setembro de 2010

PORTUGUESES INSTRUIDOS?


A INSTRUÇÃO ESCOLAR neste nosso País nunca foi a que competia a uma Nação que aspirava naturalmente em ombrear com as que lhe são parceiras no Continente a que pertence. Hoje, o que se depara é com uma geração de jovens com tão baixo nível intelectual que o resultado é aquele que se observa, com tristeza, em certos concursos televisivos e em que a cultural geral dos mesmos aparece com um nível tão baixo que as respostas que saem a perguntas correntes é, deveras, confrangedor. Mesmo os cidadãos, na casa dos trinta e quarenta anos, esses também não prezam pelo conhecimento do que pode ser considerado como matéria de “lana caprina”.
Tudo isso porque a chamada velha instrução primária (agora com outro nome), em que a obrigação de estudar funcionava e os ditados, as redacções e as contas eram matéria obrigatória que levavam ao “chumbo” dos que mandriavam, toda essa aprendizagem era levada a sério e os exames obrigatórios na chamada quarta classe e na admissão aos liceus eram levados a sério, sendo necessário estar preparados os alunos, pois que, de outra maneira, a repetição era o que estava reservada aos cábulas.
Esse espírito mantinha-se no caminho seguinte e até nos cursos superiores havia que provar que as aulas não serviam apenas para ocupar tempo. Ora, sendo este o panorama que existia num regime onde o salazarismo não apreciava muito que o povo fosse demasiado culto, porque o princípio era o de que a ignorância facilita mais a política da repressão, era de esperar que a Revolução, tida como de propósito democrático, trouxesse aos Governos que se têm sucedido as condições para a instrução escolar dos vários níveis subisse de qualidade e abrangesse o maior número possível de cidadãos de todas as idades e classe sociais.
É verdade que o número de escolas aumentou e que abriram várias faculdades privadas, assim como as dificuldades que existiam antes para os trabalhadores-estudantes diminuíram alguma coisa (e eu bem sofri na minha altura pelas manobras que eram necessárias para sustentar as duas posições), mas a realidade a que se assiste hoje é que toda essa mudança não passou de um “fogo fátuo”. É que actualmente até se está a verificar, por esse País fora, um devastador encerramento de escolas primárias (porque o Estado não tem dinheiro para suportar essas despesas), sobretudo em vilas e aldeias no interior, assim como também estão a abrir falência as faculdades privadas que, até agora e numa habilidade de nenhuma utilidade para quem procura saber, têm dado licenciaturas e doutoramentos em cursos que estão ainda por definir para que servem.
Não bastando a inquietação que grassa pelo nosso Portugal no que diz respeito aos variados problemas que atormentam os cidadãos, é o nível de saber dos portugueses que não melhorou o que tem de ser considerado como nível mínimo para ombrearmos com os parceiros europeus. Também se sabe que, este ano lectivo, foram menos 50 mil alunos que se matricularam no 1.º ciclo do Ensino Básico, o que também é consequência da descida de natalidade que tem ocorrido no nosso País.
Podem os optimistas de serviço cantarem as loas que quiserem aos benefícios que auferimos com as governações que nos têm cabido. Mas a verdade é bem diferente. Não é só o nível de vida que se distancia cada dia que passa da média europeia. É igualmente a barreira do saber que se mostra sucessivamente mais alta para uma população a que não lhe basta consumir em profusão os telemóveis e os computadores Magalhães. É preciso mais e, como tenho largamente difundido a minha opinião no capítulo da preparação da classe infantil, é aí que deveria ter sido introduzida há bastante tempo a aula prática de Democracia, pois são necessárias várias gerações para que esse espírito passe a fazer parte dos hábitos dos cidadãos e é sabido que, em particular no caso dos portugueses, existe uma grande dificuldade em saber ouvir os outros e aceitar o que cada um pensa. Isso não passa sem se começar de pequenino.
Mas os nossos governantes entendem que não e consideram mais importante encher-lhes os olhos com o Magalhães e com a língua inglesa. Eles lá sabem… mas pouco.

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