quinta-feira, 23 de setembro de 2010

OS ESPERTOS DA COMPANHIA


OS QUE SE INQUIETAM por querer sabe o que vai suceder às figuras públicas que, mesmo tendo-se portado de forma deficiente, criticável, dando mostras claras de incompetência, até alvos de acusações proferidas na via pública mesmo que os tribunais não os tenham julgado (e ainda assim), quando saem das funções que desempenhavam, perante essa pergunta a resposta a dar é aquela a que se assiste todos os dias: partem para outra e, na maioria dos casos, para melhor.
Temos aí o exemplo do Armando Vara, o que mantém uma imagem que circulou por tudo que é comunicação social, acarretando a acusação popular de várias actuações nada recomendáveis, como foi a relacionada com o caso Facebook, embora não tenha sido proferida qualquer sentença em Tribunal. Pois esta personagem, que desempenhou funções importantes e bem pagas, ainda que com surpresa de todos os que o viram ascender tão alto sem possuir um curriculum anterior que o justificasse, pois apenas as sua condições de filiado no PS e de relacionamento com Sócrates lhe terá proporcionado uma subida tão repentina, ao ponto de ter chegado a administrador e vice-presidente do BCP, acaba de tomar posse como presidente de uma cimenteira brasileira, estabelecida em África, a qual está detida em 32% pela Cimpor.
Ora adivinhem lá o motivo que terá levado os responsáveis da referida cimenteira a escolher a figura em causa para desempenhar as funções que lhe foram atribuídas. E quem souber que responda.
Este é que é o panorama da cumplicidade que rege este País, em que não é minimamente necessário comprovar competência, ter conhecimento da matéria que vai ocupar a sua actividade, ser um indivíduo que se sabe que goza de uma inteligência acima da média. Nada disso. Apenas é fundamental estar bem integrado no ambiente que rege a governação e dar garantias de que, caso seja necessário, pode contar com o apoio de correligionários que já tenham dado provas anteriores de que lhes convém não abandonar a ligação existente. Isso pelos mais variados motivos, entre eles o receio de que divulgue algum acontecimento de que terá sido testemunha e até participante e que é fundamental manter na obscuridade.
E é por estas e por outras que os portugueses mais atentos e interessados em acompanharem e estar informados sobre os mistérios que produzem certas anomalias nacionais, acabam por se conformar e, face à inutilidade em levantar questões, não levam por diante qualquer tipo de indignação que lhes machuque a cabeça. Os blogues são uma forma de desaguar a irritação, basta que haja quem os leia.

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