terça-feira, 28 de setembro de 2010

ELEIÇÕES AGORA?


AS LAMÚRIAS que se escutam em todos os sítios onde existem cidadãos portugueses – obviamente com excepção daqueles que conseguem manter uma vida confortável e ate com fartura excessiva que, ainda assim, são bastantes -, as queixas que os cidadãos fazem por verem, cada dia que passa, agravar-se a sua situação e perante um panorama que não oferece esperanças em relação ao futuro, esse queixume constitui o único escape para quem não depende exclusivamente de si a forma de alterar o “status quo”.
É visível que, apesar do fenómeno difícil de entender de as sondagens não demonstrarem ainda uma descida notável do PS na hipótese de umas eleições legislativas se se realizassem nesta altura, não obstante isso os sociais-democratas se situarem apenas alguns degraus acima e os restantes partidos andarem em redor das percentagens habituais no anterior escrutínio.
Quer dizer, apesar do principal culpado público da situação em que se encontra Portugal estar identificado, e isso segundo um elevado número de opiniões que se escutam por aqui e por ali, não seria desta que José Sócrates passaria de chefe do Governo para uma posição inferior muito distante da que mantém agora. Isso, repito, se as referidas eleições tivessem lugar nos próximos tempos.
Na verdade, justifica-se que paire uma dúvida em grande número de cidadãos no que respeita à escolha do substituto governamental do actual detentor desse lugar. Verificando-se a certeza de que a continuação de José Sócrates não beneficia do apoio da maioria, por outro lado não se descortinam garantias de que o que vier a seguir seja capaz, nas circunstâncias actuais, de pôr a casa em ordem e consiga solucionar os diversos problema, financeiros, económicos e sociais, que atormentam Portugal.
Um incomensurável endividamento, interno e externo, uma taxa de juro, à volta dos 6%, que nos retira as possibilidades de suportar, uma carga fiscal que atingiu já uma dimensão insustentável, uma taxa de desemprego com consequências sociais que se podem prever desde já, para além dos outros problemas que se vão mantendo, como o caos da Justiça, o Ensino em níveis muito baixos e uma enorme incapacidade de aumentarmos a nossa produtividade, isto para apontar apenas uns tantos dos males que nos atormentam, toda essa via sacra será o que herdará um novo Executivo que, como é habitual ocorrer entre nós, o primeiro que vai fazer é lastimar-se da herança recebida e acusar os antecessores de tudo que encontra em tão mau estado… como se não esperasse que isso iria suceder.
Neste momento, face ao relatório da OCDE e à vinda a Lisboa do secretário-geral dessa Organização, em que as recomendações deixadas são mais do que suficientes para mostrar que a imagem que mantemos fora de portas não é recomendável, sobretudo para efeitos de prestar o mínimo de garantias aos nossos credores que, para além dos juros altos, estão já a limitar os empréstimos, esta amostra deixa um aviso de que, na próxima discussão do Orçamento do Estado no Parlamento, não vai ser possível que o mesmo não consiga a aprovação da maioria de deputados, pois as consequências desse acto seriam tão desastrosas que aos seus causadores só lhes restaria emigrar para longínquas paragens, fugindo a sete pés de alguns dos cidadãos nacionais que, descontrolados, seriam capazes de fazer justiça pelas suas próprias mãos. Esta é, evidentemente, uma hipótese exagerada.
O Orçamento que aparecerá e de que, nesta altura, ainda é ignorado o seu conteúdo pelos portugueses comuns, por muito mau que ele seja – e não é de esperar que surja grande coisa das mãos dos que têm feito tão mau serviço – tem de ser aprovado, bastando que algumas famílias políticas, aquelas que tradicionalmente fazem o seu papel de opositores, utilizem o facto para propagar os seus princípios ideológicos. E é bom que assim seja.
Até lá, pois, só nos resta, a todos nós que vivemos numa ansiedade permanente, manter um mínimo de esperança de que possamos ir suportando as agruras que se irão sucedendo e que, neste blogue, têm sido largamente sublinhadas, pois que defendemos – e já não somos só nós – a vantagem dos portugueses estarem bem preparados para maus tempos, do que andarem enganados com pinturas cor de rosa, o que os irá deixar completamente sacudidos na altura da verdade inegável.

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