terça-feira, 31 de agosto de 2010

DESENCANTO POR ENQUANTO!




RECORDO-ME de ter participado, com José Carlos Ary dos Santos, numa dessas mesas em que. numa agência de publicidade, fazia parte profissional do “staff” o poeta Alfredo O’Neill, que foi o autor do “há mar e mar, há ir e voltar”.
Foi um período em que, por vezes se repetiam as discussões, os murros nas mesas, os gritos e até que, de repente, saia um “slogan” que era agarrado por todo, com grandes gargalhadas de satisfação.
Terá sido assim que surgiram centenas de frases que ficaram nos ouvidos de todo o Portugal e que constituíram a razão das boas vendas de artigos que as agências de publicidade propunham aos seus clientes. Os mais antigos ainda hoje se recordam de tantas dessas promoções, e não vou aqui repetir muitas de tais referências, ditas e cantadas, porque os novos nem têm ideia de que isso se terá passado cá na nossa Terra.
Vem isto a propósito de quê? Dos termos utilizados hoje quer nas rádios, na Imprensa e, sobretudo, nas televisões, e em que, na maioria das situações, os ouvintes ou espectadores não absorvem o produto que pretende ser dado a conhecer e ficam coma ideia estranha quanto ao que será que está a ser anunciado.
É o mundo de hoje, dirão. Pois será. Mas, afinal, para que serve gastar dinheiro em publicidade se os públicos que se pretende que sejam atingidos não conseguem entender, logo à primeira, o que está a ser, pelos vistos, divulgado?
De facto, num certo aspecto a publicidade não se situa assim tão distante do jornalismo propriamente dito no capítulo de que é necessário passar uma ideia aos possíveis compradores e nisso há que ser explícito e rápido na mensagem. É o que se passa com os jornalistas que têm mais queda para formar títulos dos artigos e chamá-los à primeira página das publicações. Um texto pode ser muito bem escrito, relatar convenientemente um acontecimento, mas se o leitor não é convidado a apreciá-lo através de um cabeçalho que lhe prenda a atenção, mas que – cuidado – não desvirtue o conteúdo, então metade da sua importância é perdida.
Atravessamos neste momento um período de má publicidade. É a minha opinião. Quantas vezes oiço e vejo repetidamente um anúncio e só fazendo algum esforço é que entendo o que é pretendido vender.
Será que isso só se passa comigo? Todos os potencialmente candidatos a serem consumidores do produto mal divulgado conseguem ficar esclarecidos?
Publicidade que tem de ser bem digerida para atingir o objectivo da sua criação, não é um convite é uma barreira que se cria entre um produto e os seus desejados clientes.

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