domingo, 23 de maio de 2010

PESSIMISMO



Se morrer é um dormir mais profundo
Quando chegar a minha vez um dia
Deixem-me bem tranquilo nesse mundo
Digam de mim só o que merecia

Não quero ouvir, não quero saber
Resisto em crer em almas penadas
Andar por aí depois de morrer
É sofrer outra vez águas passadas

Desaparecer dos vivos, sair
Deixar uma vaga que alguém ocupa
É a lei da vida, é repartir
Fazer com que o mundo não entupa

Estando o planeta já tão cheio
Aumentando sempre a gente nele
É natural que cresça o receio
De ir sentir tamanho mal na pele

O meu prognóstico é então este
Saindo, a um outro dou lugar
Pode ser que quem vier até preste
E não faça este mundo piorar

Por mim, seja onde for que esteja
Ou reste tão-somente cinza e pó
Onde estiver a contemplar veja
Só o que espero é não sentir dó

Mais do que aquele que tenho hoje
Do mundo em que me calhou viver
Em que há gente que bate e foge
Sem dar mostras de se arrepender

O pior, digo eu tão pessimista
É que o porvir não é de melhoras
O homem ficará mais egoísta
E sufocará a todas as horas

Mas que forma há de o mundo mudar
De fazê-lo entender que não vai bem?
Só s’ Universo vier ajudar
E um planeta se descubra além

Planeta esse que receba a gente
Que não cabe já no que é a Terra
E que consiga fazer de suplente
Onde não seja permitida a guerra

Mais do que aquele que tenho hoje
Do mundo em que me calhou viver
Em que há gente que bate e foge
Sem dar mostras de se arrepender

O pior, digo eu tão pessimista
É que o porvir não é de melhoras
O homem ficará mais egoísta
E sufocará a todas as horas

Mas que forma há de o mundo mudar
De fazê-lo entender que não vai bem?
Só se o Universo vier ajudar
E bom planeta se descubra além

Planeta esse que receba a gente
Que não cabe já no que é a Terra
E que consiga fazer de suplente
Onde não seja permitida a guerra

É um sonho, mas sonhar não faz mal
Na poesia tudo é permitido
Por muito longe que esteja o real
Os desejos podem fazer sentido

Mas é bem outra a realidade
Pessimismo pode ser a verdade

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