terça-feira, 18 de maio de 2010

HÁ PROBLEMAS POR CÁ? E NA EUROPA?


ANDAMOS, ou teremos de andar todos, preocupados com a situação económica e social que ocorre em Portugal, e talvez por isso não estejamos tão atentos ao que se passa na Europa, mais concretamente na União a que pertencemos, e naquilo que se considera ser um ataque ao euro e, por arrasto, na desagregação de um projecto político-económico de grande alcance e enorme imaginação do seu criador, como é o de uma Europa unida e coesa, funcionando como um todo, e em que 27 países (ou aqueles que aderiram na totalidade, incluindo o uso da moeda única), se têm de mostrar completamente abertos a uma política de concórdia e de entreajuda, por forma a que possa vir a concretizar-se aquilo que, em meu entender e também de muitos observadores, consiste em podermos assistir ainda ao surgimento dos Estados Unidos da Europa.
Vivemos, pois, num período de perigo que aponta para o fim do euro? Será que, apesar da moeda única ter conseguido proteger melhor os países que mais sofreram coma crise mundial, do que se conservassem os seus anteriores dinheiros locais e, no caso português, o termos conseguido uma inegável confiança dos credores que não teria sido atingida se o escudo ainda vigorasse, mesmo assim a dúvida sobre a manutenção de uma divisa utilizada pela maioria das nações do nosso Continente continuará a levantar-se com alguma insistência?
É que os homens andam permanentemente a criar dificuldades à sua própria vida e não são assim tão poucos os que mostram saudosismo das suas anteriores moedas próprias, como se tal atitude representasse uma defesa contra o afogamento de uma crise que alastrou com grande rapidez.
O caso da Grécia, que assusta outro países situados no nosso Continente e que tem o nosso deveras apreensivo no que se refere a tocar-lhe à porta idêntica situação, a ajuda que foi acordada para, com o euro, acudir à quebra absoluta de crédito, motivado por excessivos empréstimos que lhe foram concedidos, porque os gastos, lá como por cá, embora menos, e que ultrapassaram a possibilidade de serem suportados, esse desequilíbrio financeiro ainda pôde contar com a ajuda, renitente é certo, sobretudo por parte da Alemanha, dos restantes países europeus que, da mesma forma que calhou, no nosso caso a vez de participar com um montante que bastante falta nos faz, se tratou de um “empréstimo” que foi concretizado em euros. Por outro lado, está apurado que cada português deve cerca de 20 mil milhões de euros aos bancos estrangeiros e com esta nota podemos ficar esclarecidos no que se refere ao respeito que tem de nos merecer esta moeda e quem a criou.
É por isso que, do mal o menor. Bem à portuguesa. Os que avisam as hostes de que a moeda europeia está em perigo e que já foram maiores as garantias de que se conservasse a sua utilização pela maior dias 27, esses sustos que correm o Continente talvez não passem disso mesmo, de um sobressalto. É o que se espera.
Mas, na fase em que vive actualmente o mundo, já tudo é de esperar. E a nós, essa de voltarmos ao escudo antigo, depois da experiência, boa ou má, mas concretizada, de aderirmos ao dinheiro de uma maioria europeia, representaria o ficarmos aqui “albanizados”, a olhar para um umbigo que, por demais conhecido, já não constitui o mínimo de esperança nem aos mais optimistas.
Mas, afinal e mesmo a fechar este texto, tomo conhecimento de que José Sócrates respondeu às 74 perguntas que lhe foram feitas pela Comissão de Inquérito, começando por afirmar que não mentiu ao Parlamento quando disse que não tinha conhecimento, no dia 24 de Junho, do caso das negociações em curso da PT em relação à TVI. E é isto. No meio das múltiplas preocupações que deviam ocupar todo o tempo e as capacidades de solucionar os problemas, o que leva os governantes a utilizar todas as suas capacidades são situações que não adiantam nem atrasam no que se refere a libertarmo-nos da crise e, ainda que com grande atraso, atacarmos a fundo a redução do despesismo público.
Por outro lado, o Presidente da República, que mostrou na sua intervenção transmitida pela TV não estar de acordo com os casamentos dos homossexuais, teve o bom senso de se referir à inutilidade de não homologar o diploma recebido da Assembleia, pois que a sua devolução faria com que os partidos que o aprovaram voltassem, de acordo com a Constituição, a recambiá-lo para Belém, o que representaria uma perda de tempo e, portanto, um gasto inútil. Cavaco Silva actuou de forma a não prejudicar a sua candidatura na altura própria e teve o cuidado de explicar aos portugueses o motivo do seu gesto.
E é isto que se passa por cá. “Albanizados” já andamos nós há muito tempo. Atarefados com situações que não têm a menor utilidade no sentido de servir para nos livrarmos daquilo que se encontra a bater à nossa porta. Apenas conversas de pátio. Assuntos de comadres. E o que nos vale é assistir a Sócrates a “falar” castelhano nas reuniões que tem com os parceiros do lado de lá da fronteira. Porque lá que tem graça, lá isso tem. Não só porque se trata de tentar expressar-se num idioma que não é de cá nem de lá, e mesmo que, quando os vizinhos nos visitam não usam o nosso idioma, pois nem é preciso, nós – o Sócrates – queremos mostrar que somos muito aptos em línguas estrangeiras. Enfim, não façamos comentários!...

Sem comentários: