quarta-feira, 14 de abril de 2010

UMA BURRADA


ESTA HISTÓRIA dos submarinos só serve para mostrar como os homens têm sempre opiniões diferentes e que, por isso, é difícil conseguir um consenso onde existam dois seres humanos. Para alguns oficiais da força armada portuguesa, os seus pontos de vista são de que é absolutamente necessário que, na nossa vasta área marítima, não faltem estes assombrosos elementos náuticos e apresentam as suas justificações; no que respeita a outros sabedores, também da Marinha portuguesa, e para a maioria dos cidadãos e até de grande número de políticos que já expressaram as suas ideias, tratam-se de dispêndios que representam um gasto desnecessário para um País como o nosso e sobretudo numa época em que atravessamos uma carência assustadora de falta de fundos públicos.
Prefiro, aqui neste blogue, não entrar em tal polémica da necessidade militar, ainda que, como não poderia deixar de ser, sempre na óptica das opções ligadas ao princípio de que é forçoso ter sempre presente de que não se pode perder de vista a necessidade de salvaguardar as nossas potencialidades financeiras, se me fosse pedida a opinião não hesitava em evidenciar a minha negativa, relegando para outra oportunidade o estudo sobre se a escolha da compra deveria caber aos submarinos ou se era aconselhável efectuar outra opção, por exemplo barcos ultra-rápidos para impedir as entradas ilegítimas, que não param, especialmente de estupefacientes. Mas, repito, esta questão caberia a quem se encontra mais dentro do problema do que um simples curioso que tem de confessar o seu alheamento a este tipo de problemas.
Ora, se o ministro da Defesa que, na altura, resolveu autorizar a referida aquisição, no caso Paulo Portas, que , tal como eu agora, não se encontrava devidamente habilitado para permitir ou proibir, tratou-se, como se verifica agora, de um erro que todos nós temos agora que pagar, e só lhe ficará bem se aceitar a parte de culpa que lhe cabe, muito embora não se lhe deva assacar na totalidade, penso eu, o acto de que foi o autor principal.
O mais escandaloso ainda é que, como parece que sucede sempre que se efectuam compras no exterior de material dito de guerra, surgem sempre os habilidosos das comissões, o que torna, inevitavelmente, mais caras as aquisições, dado que é forçoso carregar na factura os montantes que ficam pelo caminho.
E, nesta situação específica, por ter sido preparado um contrato que, embora tendo interferido no mesmo um ou mais escritórios de advogados portugueses (que, ao que parece, metem sempre o seu “saber” nestas coisas), não salvaguarda devidamente as contrapartidas de compras de produção nacional no valor – total ou parcial, não está muito bem esclarecido -, ainda piora a operação e traz mais prejuízo à parte nacional, com a agravante de fazer prolongar todo o problema para tempos indefinidos… como é nosso costume.
Isto, para não falar já, na notícia que tem corrido por aí de que as contrapartidas que ofereciam os franceses pela compra dos submarinos do seu fabrico eram superiores aos do consórcio alemão GSC que ganhou a parada.
Quer dizer e em resumo: Tratou-se de uma “burrada” – com perdão dos burros – de um número pouco definido de homens públicos, de cabeças que se pavoneiam por aí como sendo todas de grandes inteligências, muito respeitados e, ainda por cima, exibindo posições de responsabilidade, os quais, escorregando entre as mãos de quem deveria exigir pagamento das culpas, nem que fosse por uma exibição nacional da sua incompetência, antes, sem demonstrar a menor vergonha, aí se encontram prontos para interferir as vezes que forem precisas em outras operações que prejudicarão, de qualquer maneira, o pouco que já valemos.

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