É O COSTUME que nós, na nossa Terra, não perdemos. Passados anos sobre a morte de alguém que, por isto ou por aquilo, se terá distinguido no meio onde actuava, é sabido que lá vem uma homenagem. E acontece que, em alguns casos, até é justa, só pecará por ser tardia mas, em bastantes caos, não se justificará tanto pela importância excessiva que lhe é dada.
Fernando Pessoa, será um exemplo a relembrar, pois sendo a figura que tanto merece os louvores que lhe são atribuídos, tendo falecido em 1935 enquanto foi vivo teve de se contentar com a profissão que exercia de ajudante de guarda-livros, com um emprego mesquinho que levava a cabo num pequeno escritório situado num terceiro andar de uma daquelas ruas da Baixa. E, no que respeita a atenção prestada por editores quanto às suas obras guardadas em gavetas, só a “Mensagem” mereceu a luz do dia, permanecendo o resto, bem vasto, a aguardar a altura em que se descobriu que tinha existido ali um génio. Quantos, outros que tal ou parecidos, em diversas áreas de produção genial, terão ficado na ignorância do mundo, do que o rodeava e do largo panorama existente?
Vem isto a propósito da homenagem prestada agora ao marechal Spínola. E, neste caso, não se pode dizer que se tenha tratado de uma figura que, em vida, tenha passado despercebida. Muito pelo contrário.
O facto de lhe ter sido concedido o posto, pouco habitual, de marechal, já por aí representou que, enquanto se movimentou no nosso País, ainda lhe foi reconhecido mérito para tanto, tendo aí recebido o privilégio de lhe ter sido atribuído o lugar de Presidente da República do nosso País, depois da Revolução de 1974. Mas, antes disso, foram-lhe confiados pelo regime de Salazar lugares de confiança, não só no meio militar como também na área civil, como governador colonial em África.
É verdade que, a dada a altura, não se conformou com o sistema seguido nas guerras em que estávamos envolvidos no Continente africano e, embora a coberto da sua alta posição militar, escreveu o livro que, há que reconhecê-lo, abriu portas ao movimento dos chamados “capitães de Abril”, o qual deu azo à reviravolta política em Portugal. E terá sido por isso que lhe coube o privilégio de ser nomeado primeiro Presidente das República.
Tudo bem. Só que, nessas funções, em lugar de se ter demitido por incapacidade de levar a cabo a solução dos problemas que se levantaram com o regresso das tropas portuguesas de África, o que lhe cabia como responsável pelos acontecimentos era a luta frontal para que os portugueses que viviam nos que passaram a ser novos países africanos tivessem permanecido nas suas funções, até porque um grande número deles já era natural de cada lugar onde exerciam as suas profissões. Teria sido útil e justo que as negociações para que tal sucedesse não fossem abandonadas e que não se tivesse verificado o drama ocorrido de milhares de compatriotas nossos, alguns, e de naturais das terras de que tiveram de sair desembarcassem em Lisboa, com uma mão à frente e outra atrás.
Mantenho a opinião de que o marechal Spínola, em lugar de se ter refugiado na reforma confortável que passou a gozar, deveria ter assumido o papel que lhe cabia, ainda que alterando alguma coisa nos princípios que defendia quanto à volta a dar no nosso relacionamento com os novos Estados criados. Mas isso é tema para um trabalho mais prolongado. O que sim, era importante e poderia ter resultado em algo positivo na altura, consistia não no abandono das funções que exercia, mas num combate frontal e valente que, no mínimo, teria evitado que o general Costa Gomes o substituísse. E, nesse aspecto, talvez ainda tenhamos que assistir a uma homenagem semelhante, já que há quem lhe tenha atribuído um certo valor.
Fernando Pessoa, será um exemplo a relembrar, pois sendo a figura que tanto merece os louvores que lhe são atribuídos, tendo falecido em 1935 enquanto foi vivo teve de se contentar com a profissão que exercia de ajudante de guarda-livros, com um emprego mesquinho que levava a cabo num pequeno escritório situado num terceiro andar de uma daquelas ruas da Baixa. E, no que respeita a atenção prestada por editores quanto às suas obras guardadas em gavetas, só a “Mensagem” mereceu a luz do dia, permanecendo o resto, bem vasto, a aguardar a altura em que se descobriu que tinha existido ali um génio. Quantos, outros que tal ou parecidos, em diversas áreas de produção genial, terão ficado na ignorância do mundo, do que o rodeava e do largo panorama existente?
Vem isto a propósito da homenagem prestada agora ao marechal Spínola. E, neste caso, não se pode dizer que se tenha tratado de uma figura que, em vida, tenha passado despercebida. Muito pelo contrário.
O facto de lhe ter sido concedido o posto, pouco habitual, de marechal, já por aí representou que, enquanto se movimentou no nosso País, ainda lhe foi reconhecido mérito para tanto, tendo aí recebido o privilégio de lhe ter sido atribuído o lugar de Presidente da República do nosso País, depois da Revolução de 1974. Mas, antes disso, foram-lhe confiados pelo regime de Salazar lugares de confiança, não só no meio militar como também na área civil, como governador colonial em África.
É verdade que, a dada a altura, não se conformou com o sistema seguido nas guerras em que estávamos envolvidos no Continente africano e, embora a coberto da sua alta posição militar, escreveu o livro que, há que reconhecê-lo, abriu portas ao movimento dos chamados “capitães de Abril”, o qual deu azo à reviravolta política em Portugal. E terá sido por isso que lhe coube o privilégio de ser nomeado primeiro Presidente das República.
Tudo bem. Só que, nessas funções, em lugar de se ter demitido por incapacidade de levar a cabo a solução dos problemas que se levantaram com o regresso das tropas portuguesas de África, o que lhe cabia como responsável pelos acontecimentos era a luta frontal para que os portugueses que viviam nos que passaram a ser novos países africanos tivessem permanecido nas suas funções, até porque um grande número deles já era natural de cada lugar onde exerciam as suas profissões. Teria sido útil e justo que as negociações para que tal sucedesse não fossem abandonadas e que não se tivesse verificado o drama ocorrido de milhares de compatriotas nossos, alguns, e de naturais das terras de que tiveram de sair desembarcassem em Lisboa, com uma mão à frente e outra atrás.
Mantenho a opinião de que o marechal Spínola, em lugar de se ter refugiado na reforma confortável que passou a gozar, deveria ter assumido o papel que lhe cabia, ainda que alterando alguma coisa nos princípios que defendia quanto à volta a dar no nosso relacionamento com os novos Estados criados. Mas isso é tema para um trabalho mais prolongado. O que sim, era importante e poderia ter resultado em algo positivo na altura, consistia não no abandono das funções que exercia, mas num combate frontal e valente que, no mínimo, teria evitado que o general Costa Gomes o substituísse. E, nesse aspecto, talvez ainda tenhamos que assistir a uma homenagem semelhante, já que há quem lhe tenha atribuído um certo valor.
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