quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O DESÂNIMO



HÁ QUEM, por aí, proclame a necessidade de ser bem difundida uma dose de esperança de que Portugal, não obstante as amostras que têm sido dadas, de falta de competência para conseguir sair do estado de menoridade governativa que se instalou entre nós, conseguirá resolver a situação em que se encontra. E o argumento é o de que esta situação de crise, com estas características ou com outras, não constituem novidade portuguesa, pois, no decorrer da nossa longa História, já fomos actores de acontecimentos que nos atingiram seriamente, e sempre conseguimos ultrapassá-los e prosseguir na caminhada minimamente possível que nos foi estabelecida pelas circunstâncias.
Porém, a diferença que poderemos encontrar entre aquilo que se pode designar por descontentamento da população nos dias de hoje e o que ocorreu em múltiplas situações que tiveram lugar pelos séculos fora, é que hoje, com o desenvolvimento técnico das comunicações, que em poucos segundos faz com que os estados de espírito, os aplausos e as críticas cheguem de uma ponta à outra em escassos segundos, também o desânimo se transmite mais rapidamente do que uma epidemia e faz com que, em Portugal, sejam já muito raros os que ainda acreditam que o nosso futuro acabará por ser aceitável e que os homens que estão ou irão ainda passar pelos executivos e pelas oposições acabarão por usar do bom senso para não conduzir o nosso destino para um buraco cada vez mais fundo.
Andam as Câmaras Municipais a clamar pela falta de dinheiro para pagar os salários dos seus funcionários e a exigir que o Governo lhes devolva o IRS em atraso? Pois isso vai ter solução.
Até os Correios são vítimas de roubos realizados nos marcos públicos, sendo desviados cheques e outros pertences do público, num valor que atingiu cerca de 1 milhão de euros? Pois, não é por aí que vem mal ao mundo!
As baixas de trabalhadores no nosso País atingiram em 2009 o triplo do ano anterior? Mas que desgraça constitui que todos os motivos sirvam para em Portugal se trabalhar pouco e mal?
Desânimo? Que palavra tão antipática, num povo tão simpático!
Pode até ser que, com as eleições presidenciais, se verifique uma reviravolta no macambuzismo nacional. E que o nome Alegre, do Manuel que já anunciou estar disponível para se instalar em Belém, provoque a mudança para ânimo, pois que qualquer coisa já serve para fazer com que o Sol ilumine as cabeças dos portugueses.

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