sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

JUSTIÇA DIVINA



QUANDO assistimos a todas as catástrofes que ocorrem pelo mundo, em que as vítimas são, quase por norma, multidões de famintos, crianças, gente que se arrasta na vida nas piores condições, não podemos, de facto, ficar indiferentes. Eu não serei excepção, assumo, e, tal como muita gente, espero, são essas situações que me fazem ir ao fundo da questão e provocar em mim ainda maiores interrogações do que aquelas que acarreto desde que me conheço como pensador. Se não com a mesma intensidade, talvez com alguma semelhança.
O caso é o seguinte: como não sabemos, de ciência certa, se o Universo acarreta planetas com características iguais ou parecidas com a que temos na Terra, ficamo-nos por aqui e teremos de sujeitar a nossa preocupação ao que se passa à nossa volta. E, admitindo os princípios religiosos que são mais seguidos nesta Esfera, de que um Deus criou no princípio, e que, depois disso, passou a olhar e a acompanhar os seres terrestres, por isso é-lhe atribuída a função de “Todos Poderoso”, ao darmo-nos conta de ocorrências como aquela que abalou agora o território do Haiti, provocando a mortandade e o sofrimento que afectou uma vasta mancha de seres humanos, os que viram o fim da sua existência e aqueles que, provavelmente ainda piores, se vêm mutilados fisicamente ou que sofrem a perda de parentes que não resistiram à catástrofe, que se pode face a isso que se pode concluir no que diz respeito ao que cada crente espera da bondade divina, já que se admitirá que tudo que ocorre na crosta terrestre tem de ter “autorização” da mão de Deus?
Bem sei que a fé encontra sempre resposta para acontecimentos na vida humana que, os que não se encontram tão ligados a esse tipo de crenças, têm dificuldade em digerir. E, para além do princípio, a que eu já me referi em blogue atrasado, de que o excesso de população mundial está a ser também causador da crise que se debate a população na sua maioria, não encontro outra resposta que satisfaça minimamente os que não se conformam com as vilanias que a Natureza pratica.
Pouco mais tenho a acrescentar ao que já dei mostras de constituir mais uma dúvida às que me atormentam sempre que me proponho reflectir na área dos mistérios divinos. E a desejar que não constitua mais uma preocupação às muitas que os mortais já têm de suportar. Mas também, deixar passar e somente cuidar dos vivos e enterrar os mortos, sem entrar nos meandros espirituais, isso parece-me pouco ambicioso.
Eu, pelo menos, não me fico por aí. Embora não encontre qualquer resposta e não tenha conhecimento se os sábios, os que contribuem constantemente para os grandes avanços tecnológicos, alguma vez serão capazes de fazer desaparecer o grande mistério que envolve os que têm pretensões a querer saber mais. E só facto dele existir já dá que pensar.

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