terça-feira, 13 de outubro de 2009

O DIÁLOGO


Agora que o Presidente da República já atribuiu a formação de Governo ao Partido Socialista, cabe de novo a José Sócrates a responsabilidade de escolher a sua equipa e de colocar-se à frente do Executivo que, não sendo agora maioritário, enfrenta uma situação que difere completamente da que dispunha na fase anterior às eleições legislativas. Mas, sobre isto, já se falou o suficiente para não ser necessário repisar quanto às dificuldades que se deparam na fase actual.
O professor Adriano Moreira, ouvido recentemente numa entrevista conduzida na televisão, deu mais uma vez demonstração da sua capacidade de raciocínio e de exposição, o que demonstra que, apesar da sua idade, não perdeu nada das suas características de docente universitário e de pensador político, fruto de uma experiência que vem bastante de trás e que só pode ser também atribuída ao professor José Hermano Saraiva, este igualmente com bastantes anos de vida e que fez parte igualmente de um governo do Estado Novo. Pois Adriano Moreira, que acaba de publicar um livro de análise em relação aos tempos actuais da política nacional, referiu-se ao que se torna rigorosamente necessário ser levado às últimas consequências na circunstância em que o País se encontra no aspecto político: o diálogo entre o Governo, que tem de lutar com as outras forças se pretende manter-se no seu lugar, e os adversários que, nalguns casos, já declararam que não podia haver consonância possível com o PS. Não vai ser tarefa fácil.
É certo que o professor não deu qualquer novidade, mas dito por si torna mais forte a convicção de que, como diz o povo, há que engolir muitos sapos vivos se José Sócrates quiser manter as portas fechadas para uma saída abrupta do cenário da governação.
Nós, portugueses, que isso de saber ouvir as opiniões dos outros e de sermos capazes de dar razão aos que se opõem às nossas convicções é coisa que não cabe no comportamento enraizado na nossa Terra – e bem recordo eu o que tenho escrito sobre a necessidade de ser iniciada na instrução primária a classe de Democracia, para que, ainda crianças, se formem as mentalidades sobre isso mesmo: o diálogo -, pelo que haverá razões para não se estar muito optimista quanto aos resultados que serão obtidos nas buscas de consenso com os adversários políticos.
Há, no entanto, que acreditar em milagres e ter fé em José Sócrates que werá capaz de modificar totalmente o seu comportamento anterior e passar a saber ouvir os outros e a não declarar que tem sempre razão. Só assim se constitui um diálogo profícuo e os resultados podem aparecer para benefício de Portugal.

Sem comentários: