quarta-feira, 26 de agosto de 2009

ROUBALHEIRAS



Nunca assistimos a tantos roubos, assaltos, formas cada vez mais sofisticadas de retirar ao próximo o que lhe pertence como nos tempos que se atravessam. Ladrões houve em todas as épocas. Gente que encontrou forma mais fácil de conseguir dinheiro através da apropriação daquilo que não lhe pertence do que obtê-lo através do seu próprio trabalho foi maneira que o ser humano, provavelmente desde o seu aparecimento, milhões de anos atrás, descobriu. Só que, com os tempos, essa brutalidade tem vindo a crescer e a refinar-se, ao ponto de, nos nossos dias, não se tratar somente do arrancar alguma coisa das mãos do seu proprietário, de roubar para matar a fome, de melhorar da vida miserável que se leve através do que se retira a outros. Não, não são só os mais pobres que se defendem da má vida que levam… isso era antes!
Porque hoje, embora com nomes diferentes, com técnicas apuradas, usando meios que até obtêm nomes específicos, como seja o tal dos “colarinhos brancos”, usurpar valores que não deviam estar ao alcance dos seus novos proprietários, isso já é forma corrente em todo o mundo e, de uma maneira geral, poder-se-á afirmar, sem grande margem para erro, que os muito ricos assim se encontram porque ou eles próprios ou seus progenitores e antepassados, usaram meios que lhes permitiram alcançar fortunas e as deixaram para os que vieram depois na sucessão da família. A História está cheia de episódios que atestam estes factos.
Mas o que se trata agora é de referir os roubos que se praticam nos nossos dias. E isso deve-se, em grande parte, à situação social de muita gente que, sem emprego, alguns, e com pouca vontade de o ter, outros, as condições que o ambiente lhes proporciona leva-os a uma primeira experiência e, obtendo sucesso, a repetir depois a proeza. E assim nascem os grupos que, normalmente em bairros ditos problemáticos, criam as condições para actuar em conjunto. E como o sistema judicial no nosso País é aquilo que se sabe, a vergonha que ninguém é capaz de solucionar, e as cadeias também só servem para apurar ainda mais os que lá entram, nem sendo muito largo o tempo em que lá se encontram, tudo isso proporciona as condições para, cada vez mais, estarem os cidadãos bem comportados sujeitos a tantas malfeitorias.
Por cá temos as nossas razões de queixa, mas a verdade é que se trata de um mal generalizado por toda a Esfera terrestre, nuns locais mais e noutros um pouco menos. É verdade também, que, nos países onde o regime é de apertada ditadura, por vias da actuação das polícias que são sempre severas, as actuações dos gatunos são mais reduzidas, pelo que se fica a pensar se é melhor viver em regimes autoritários ou se, apesar de tudo, a Democracia é o que se deseja. Eu, por mim, escolho a Liberdade com boa Justiça. Se não for pedir muito!
Agora, aquela roubaria que em Portugal já se tornou uma vulgaridade, em que os milhões são extraídos nos mais altos postos e com um descaramento que nos deixa a todos banzados, essa, num País pobre como o nosso, é que deveria ser, de uma vez por todas, erradicada, nem que fosse necessário arranjar uma cadeia própria, com todas as comodidades e bons serviços, mas em que os “moradores” teriam que entregar à entrada, os vastos milhões que meteram ao bolso por formas ilícitas.
Mas alguém, com poder, teria coragem para tomar essa decisão? Duvido. Se nem a “roubalhice” rasca é tratada com a devida competência, dentro das regras apropriadas aos países civilizados, muito menos somos nós por cá capazes de meter na ordem esses espertalhões que, na alta finança e na política privilegiada, metem ao bolso valores fabulosos que, vagamente referidos nalguma comunicação social, acabam sempre por cair no esquecimento e partir para outra… E qual crise?...

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