segunda-feira, 24 de agosto de 2009

IBÉRIA Á VISTA!...



Esta paragem que eu fiz não durou muito tempo. Surgiu-me logo a vontade de debitar um trecho que tem a ver com o estado em que nos encontramos e com as férias que, tranquilamente, o País goza como se não se atravessasse um período em que as condições de vida não fossem das piores com que já se deparou em Portugal, pelo menos no período da Democracia. E, sobretudo com o mês de Setembro à vista e, portanto, com a data em que se vão realizar as eleições que apresentarão o que se vai seguir no que diz respeito a Governo da Nação, nesta tranquilidade aparente em que nos encontramos há tempo para, conscientemente, aqueles que ainda haverá, cada vez menos, se anteciparem ao que sairá dessa escolha do povo.
No que se refere a José Sócrates, é verdade que o homem contou com condições que lhe permitiram deixar uma obra capaz e, se não tivesse deparado com uma crise económico, financeira e social que, por sinal, atingiu todo o mundo, poder-se-ia dizer que o chefe do Partido Socialista foi um sortudo no capítulo das condições de que dispôs, desde uma maioria parlamentar que, com os seus defeitos, é a maneira mais tranquila de exercer o poder
sem contrdições. Só que, por não caber a Sócrates a qualidade de saber ouvir e de ter a modéstia suficiente para seguir os conselhos daqueles que, mesmo situados nas oposições políticas, até por isso muitas vezes prestam indicações que podem ser seguidas, nesse particular o chefe do Governo pecou sempre pela arrogância e por considerar que a razão se encontra permanentemente do seu lado. E, neste aspecto, cometeu demasiados erros e perdeu uma legislatura em que se poderia, apesar das circunstâncias desapropriadas, ter avançado alguma coisa, em vez do que se perdeu ao longo de quatro anos e meio.
Face às críticas que, de todos os lados, surgem em relação à sua actuação, não é de crer que José Sócrates consiga renovar uma posição semelhante à que teve ao seu dispor no decorrer da governação que ainda se encontra em fase de despedida.
Eu, por mim, lastimo que o País tenha desperdiçado um período que, nos tempos que se avizinham, se constatará que vai fazer muita falta quanto ao esforço que tem de ser feito para não nos atrasarmos ainda mais da média de vida dos outros países europeus. E esse atraso em todos os campos ir-nos-á conduzir a uma cada vez maior dependência das nações que, também sofrendo os efeitos da tal crise, mesmo assim começam agora a dar mostras de que já deram início ao sacudir os efeitos de tamanha maleita.
Não vou persistir na tese que, apesar das realidades de vida com que nos deparamos, o caminho que seremos forçados a seguir tem a ver com uma harmonia económica que eu chamo, há muitos anos, de Comunidade Ibérica. Nunca fomos capazes de ter a humildade de reconhecer que a união faz a força. E que, sem Portugal perder a mais pequena característica das suas gentes e da sua História, sobretudo da sua língua e da lusofonia que constitui uma riqueza que nunca ficará pelo caminho, a força económica que resulta de uma parceria de que a Europa, sobretudo a França e a Grã Bretanha, nunca mostrou agrado, se isso vier a ser levado em conta, então talvez o caminho que temos de passar a percorrer se apresente muito mais facilitado.
Já sei que surgirão, de novo, alguns comentários anónimos que, com uma linguagem dos que não têm argumentos para discutir um problema com serenidade, e em que os aljubarrotistas se enfurecem com tal passo. Mas o futuro dirá se, na verdade, não existe outra saída para a Península Ibérica, para os dois países, que não seja a tal junção de forças.
O resultado das eleições que se aproximam dirá se o que se vai seguir a José Sócrates trará a solução para os graves problemas que nos não deixam ocupar o lugar de parceria com os restantes países europeus? Por mais optimista que deseje ser, eu, por mim, infelizmente, não acredito nessa eventualidade. Atrasámo-nos em demasia e só um milagre conseguirá poder fazer com que recuperemos o que deixámos escapar.
Manuela Ferreira Leite, desgraçadamente, não mostra características para operar a mudança que se impõe, por muito bem que possam ser escolhidos os ministros para as diferentes pastas que fazem parte de um Executivo – ao contrário da maior parte dos indivíduos que ocuparam o lugares no Gabinete socratiano. Também ela mostra uma teimosia de que estamos fartos e isso verificou-se agora na escolha que fez para os deputados do seu partido, o que provocou grande descontentamento no seio do PSD.
Eu dou, pois, a cara com esta minha opinião. Digo o que penso e não fraquejo perante as acusações de alguns de que é falta de patriotismo ponderar sobre a junção económica com Espanha. Os que estiverem ainda vivos daqui a alguns anos, poucos, creio, lembrar-se-ão do que aqui fica escrito e que constitui um ponto de vista que mantenho há mais de 50 anos e que, ao contrário do que julgam alguns facciosos, é a melhor forma de conservar a existência de Portugal, não de alpargatas e a pedir esmola ao mundo, mas de cabeça bem levantada e a mostrar uma situação geográfica que faz inveja, como sempre tem feito, aos restantes países que não gozam do nosso privilégio de ter mar por todos lados e de se situar nesta ponta que foi a causadora dos descobrimentos e, por isso, da lusofonia que saiu nas nossas naus.

Sem comentários: