domingo, 26 de julho de 2009

DÍVIDAS



Todos nós sabemos que as dividas do sector público a terceiros, quer nacionais quer estrangeiros, constituem uma realidade que vem de sempre, pois que o Estado português e suas dependências habituaram todos a ter de esperar, por vezes tempos que excedem a capacidade de resistência dos credores, até que, por razões burocráticas ou por falta de verba nas tesourarias, surja o dia ansiado para serem liquidadas as contas pendentes.
Sobretudo porque quem contrai as dívidas públicas não sente na pele o horror de ter os cobradores a bater à porta e a fazer escândalos, pois que os responsáveis pelos compromissos assumidos não o são em nome próprio, mas sim com a cobertura de um sector oficial e, em muitas situações, esses autores de um gasto sem capacidade de ser cumprido o prazo de liquidação, acabam por sair do sector em que se encontravam e deixam para o sucessor o incómodo de procurar encontrar fundos para se libertar do encargo recebido em herança, devido a isso, desde que o nosso País é País e porque não existe a cultura da honradez do cumprimento dos cargos que lhes foram entregues, o tal comportamento da dívida tem vindo a passar de avós, para pais e para filhos, ficando certamente tal hábito para os que vierem a seguir.
Por tal motivo, não pode causar grande surpresa anunciar-se agora, com certo ar de espanto, que o nosso País se encontra endividado ao estrangeiro em muitos milhares de milhões de euros. Até que nos fechem definitivamente as porta de crédito e que comecemos a receber negas de empréstimos de outras Nações, enquanto não chegar essa altura cá iremos apenas olhar para os débitos e créditos da nossa contabilidade pública e iremos seguindo sem e4xcessivas preocupações. O pior será quando – e oxalá isso nunca suceda – já não pudermos sequer honrar os compromissos com os nossos reformados. Nem quero imaginar o que sucederá nessa altura!...
Por agora, basta que dê conhecimento da dívida que a Câmara Municipal de Lisboa já não pode esconder, pois os credores, empresas privadas que participaram na construção do túnel do Marquês, recorreram aos tribunais para tentar ressarcir-se do montante por cobrar e que, segundo já é público, atinge os 22 milhões de euros, do tempo em que Santana Lopes foi Presidente.
Pergunto eu: e quanto estão a custar as obras no Terreiro do Paço? Então não seria normal que, antes de tudo, se paguem aos credores e só depois se meter o Município em gastos suplementares?
Provavelmente não é assim que pensam os responsáveis pelas instituições oficiais e serei eu que estou completamente equivocado. Se quem criasse dívidas oficiais e nãos as pagasse dentro dos prazos normais tivesse de responder criminalmente, por abuso de compromissos com dinheiros públicos, esse deixa andar dos tais fulanos acabaria de vez. Mas o quê? Isso suceder em Portugal? É impensável!...
E, ainda a tempo: a notícia de que os serviços centrais do Estado ainda não pagaram vários milhões de euros que devem às câmaras municipais de todo o País poderá dar razão a que, por sua vez, os municípios também não paguem a tempo aos fornecedores. É um ciclo vicioso. Mas, sendo assim, que nem uns nem outros se metam em compromissos sem saberem primeiro como vão arranjar o dinheiro para não ficarem pendurados…

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