quarta-feira, 8 de julho de 2009

DESEMPREGADOS



Já era esperado que Manuel Pinho não ficasse desempregado, depois de ter pedido a demissão ou fosse obrigado a aceitá-la, após a cena ocorrida na Assembleia da República. Isto só vem provar que o que proporciona boa vida aos políticos não é propriamente o exercício dessas funções, onde até, na verdade, os ordenados que auferem não são nada que escandalize, mas que, após terminar a passagem pelos Governos, lhes caiam aos pés situações que, “por acaso”, constituem autênticos manas no que diz respeito às condições proporcionadas.
Lugares em bancos, em companhias que, no exercício anterior das suas funções, beneficiaram de alguma atitude que lhes proporcionou posições lucrativas de monta, uma panóplia de ofertas que têm de ser bem pensadas para ser escolhida a melhor, tudo isso faz parte do pós-Governo em que participaram os despedidos de funções ou que tenham tomada essa iniciativa por sua vontade.
Isso acontece agora, sucedeu ao longo de todos os Executivos e não só pós Revolução, mas era uma prática que vem do tempo da outra senhora, e seguramente que continuará a verificar-se pela vida política fora. Então, vão os homens renunciar à ginja sobre o bolo que lhes é oferecida sempre que deixam um lugar onde, digam lá o que disserem, se não fizeram favores de moto próprio, pelo menos criaram a ilusão de que isso sucedeu?
Claro que nem tudo são rosas. Pode acontecer que situações ocorridas antes venham a trazer amargos de boca tempos mais tarde. E não é por isso que o caso Freeport está a dar tanto que falar no período que atravessamos?
Mas, de facto, o mais vulgar não é isso, mas sim o contrário, ou seja ser alvo de ofertas de posições que, por vezes, se acumulam, tendo apenas que marcar presença e não exercer funções efectivas, o que é até o ideal, dado que as remunerações não falham.
Falar a essa gente de crise, de reformas que não chegam nem para pagar a renda da casa e muito menos para a farmácia e até para comer decentemente, é como contar-lhes uma história de fada má, pois nunca a vida lhes correu tão bem como nas condições em que se encontram. Joe Berardo, que andava à procura de um administrador da sua Fundação, nem hesitou. Tinha de fazer a oferta antes que outro empresário se antecipasse. E, pelo menos por antecipação, já ganhou!...

Sem comentários: