terça-feira, 2 de junho de 2009

ELEIÇÕES Á VISTA



Não poderá haver dúvidas de que, se este Governo que ainda se encontra no poder, tivesse actuado, durante a totalidade dos quatro anos do seu exercício, na maioria das vezes com a mais perfeita das condutas, mesmo assim não se livraria de críticas que os seus adversários lhe dedicariam. E, igualmente por parte de muitos cidadãos não relacionados com partidos políticos, a má disposição quanto a várias das medidas tomadas estariam sempre na primeira linha dos seus comentários. Ninguém se livra de ter seguidores e, da mesma maneira, de acumular adversários.
É verdade que, quem se expões à crítica pública, seja qual for a área da sua actuação, tem de aceitar de bom modo as opiniões que são formadas a seu respeito. Na zona da política não tem de haver excepções. Quem não deseja andar na boca da população, o que tem a fazer é não dar nas vistas, é não se expor, é não surgir a falar alto e a pretender mostrar qualidades, só estando disposto a escutar elogios.
Agora, manda a verdade dizer que, no caso do grupo chefiado por José Sócrates, especialmente com a conhecida crise que não fez do nosso País um ponto fora da sua acção, a actuação do Governo actual ainda foi mais objecto de crítica, dado que as condições de vida dos portugueses têm vindo a degradar-se sucessivamente ao longo das últimas temporadas e, também não se pode negar, em demasiadas circunstâncias as formas de resolução seguidas pelo conjunto governativo não foram nem são merecedoras de elogios, antes pelo contrário.
Se, pelo menos, se tivesse verificado, da parte do comportamento político do primeiro-ministro, um espírito de compreensão quanto às diversas opiniões surgidas de diferentes pontos, incluindo as oposições oficiais, se não fosse um orgulho e um ilustrador do seu próprio ego que foi mantido ao longo de diversas ocasiões, se a arrogância não tivesse feito parte dos seus discursos e declarações sempre que se prestava a intervir – e fê-lo em demasia, sempre no mesmo estilo -, então haveria uma boa percentagem de desculpa no que se refere aos erros cometidos. Ora, da parte de todos os membros do Governo Sócrates parece ter comandado sempre essa postura, pelo que se assistiu a um coro uníssono.
Não admira, pois, que as eleições que se aproximam, sobretudo as Legislativas, não constituam um problema difícil de resolver por parte dos votantes. Maioria ao PS, tudo indica que é situação que não volta a repetir-se. Subida dos votos do PSD é coisa que não é esperada, porque não se encontrou, durante o período dos últimos quatro anos, uma postura no interior desse partido que aponte para uma melhoria, o CDS, esse, devido à posição de tão falsa importância do seu dirigente, Paulo Portas, nada aponta para que seja por aí que as votações subam. Já no lado contrário da política, o Bloco de Esquerda, pelo facto de ser muito crítico e de utilizar uma linguagem que chega mais facilmente aos ouvidos e à compreensão dos cidadãos, é natural que se verifique aí um aumento de percentagem de preferências, ainda que não seja suficiente para governar sozinho, nem por sombras, e, no que respeita a coligações antecipadas, essa posição está fora da sua preferência. Resta o PCP que, como sempre sucede com este grupo, ali se encontra a aguardar que os seus partidários fiéis não se desviem daquilo que representa a sua vocação tradicional. Mas esses também envelhecem muito rapidamente.
Que dizer, portanto? Os portugueses têm, nas suas mãos, o futuro do País. Que é como quem diz, pelo menos em tese.
Só podemos desejar que, após o apuramento dos resultados, seja possível encontrar-se uma situação que tenha as chamadas “pernas para andar”. Maiorias, é natural que não sejam aguardadas. Logo, há que ter esperança de que seja visível um espírito de compreensão entre os vários intervenientes na governação que se aprontem para tal. Tudo depende dos homens, dos seres humanos que tenham ocasião de fazer parte do grupo que poderá contribuir para que o bem-estar dos portugueses seja o principal motivo de fazerem parte da política.
Se isso não for conseguido, se os homens se mantiverem apenas a olhar para os seus interesses pessoais, então que nos agarremos a alguma coisa e preparemos para o pior. Não posso ser optimista, por mais que o deseje!

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