sexta-feira, 12 de junho de 2009

CAVACO EXISTE



Tenho tido os meus motivos para, ultimamente, dedicar algum espaço ao nosso Presidente da República que, no meu ponto de vista, tem tido um comportamento digno dos maiores elogios, pois, não pertencendo o Governo à orientação política que está instalada em Cavaco Silva, não é por isso que não se verifica uma independência, ainda que forçada, no convívio com José Sócrates e que, no que chega ao conhecimento público, até dá mostras de uma suportável convivência que só pode ser útil para não se criarem cisões entre dois órgãos de poder que só ganham em fazer caminhar o País para um desenvolvimento mínimo que se aguarda há tanto tempo que chegue. E se essa convivência não resulta de um sentimento muito profundo, ainda maior valor se tem de atribuir à aparência que é transmitida aos cidadãos portugueses.
Mas, há que atender que o Presidente da República, dentro das funções que lhe cabem, nem sempre poderá estar absolutamente de acordo com as propostas de leis saídas do Executivo, mesmo que as mesmas tenham sido aprovadas na Assembleia da República, onde o Partido Socialista detém a maioria, sendo-lhe, por isso, fácil fazer passar as suas deliberações. E, dentro desta realidade, já por dez vezes Cavaco Silva devolveu ao Parlamento outras tantas propostas que, no seu entender, merecem ser mais maduramente pensadas e, sobretudo, analisadas se estarão conformes os ditames da nossa Constituição.
Esta última decisão de Belém, de terem sido colocadas objecções de fundo quanto ao “aumento substancial do financiamento pecuniário não titulado dos partidos políticos e das receitas provenientes de iniciativas de angariação de fundos”, permitindo a obtenção de lucros nas campanhas eleitorais o aumento do limite de despesas de campanhas, este veto presidencial só pode ser analisada pelos portugueses como um resguardo dos dinheiros públicos que, segundo opinião bastante generalizada, ficariam sujeitas ao “assalto” por parte dos partidos a ainda mais dinheiros do que aquilo que já recebem.
O que deixa os cidadãos do nosso País ainda mais incomodados em relação aos políticos que, nos vários partidos, exercem as suas funções, é que, na Assembleia da República, todos eles, sem excepção, votaram positivamente a proposta de aumento do financiamento dos seus agrupamentos, entendendo-se claramente que o que lhes interessará sobretudo será a entrada de dinheiros públicos nos cofres de cada um desses grupos, ficando insensíveis no que respeita à míngua de fundos que assola Portugal, e desejando somente que, no seu “reino”, não se verifiquem dificuldades para fazer uma vida desafogada.
Cavaco Silva mostrou que é preciso ter sentido de Estado e que, para além disso, é obrigação de todos, mas especialmente aos que se encontram na montra da política, dar visibilidade ao seu “amor a Portugal” e não apenas “amor às suas conveniências”, sejam pessoais sejam colectivas.
E depois queixam-se os comandos dos partidos da falta de comparência dos portugueses perante as urnas, deixando-as tão vazias, ao ponto de serem mais os que não votam do que os lá vão dando a sua opinião. É que os que vivem da política não são capazes de suster o seu apego quanto a beneficiarem, o mais que podem, dos dinheiros públicos. Enquanto não ocupam os lugares em funções do Estado e depois de lá já estarem, por via dos impostos e de inúmeras mordomias.
É isto que temos que nos faz reflectir quando somos forçados a opinar sobre essa actividade dos políticos, onde o Homem, sempre o Homem, mostra bem o que lhe vai no seu íntimo!...

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