sábado, 2 de maio de 2009

OUTRO INFERNO?



Foi, ao assistir a uma das duas manifestações populares – que é como quem diz, porque foram organizadas por centrais sindicais – do 1.º de Maio, em que, apesar das dificuldades que se conhecem de procurar resolver uma situação que está a atingir fortemente a situação social da maioria do povo, e ao confrontar-me uma vez mais com os exageros que alguns participantes resolveram assumir (desta vez foi o caso passado das afrontas com o candidato a deputado europeu pelo Partido Socialista, Vital Moreira), fiquei a pensar, como já me sucedeu noutras ocasiões, naquilo que os homens imaginam em relação a um mundo ideal, a uma espécie de se viver no Céu cristão, quando os nossos pés onde pisam é nesta Terra que, por sinal, é fruto da acção humana, e, por isso, do seu próprio egoísmo, das invejas que fazem com que o ser racional não se conforme nunca com o que tem e, antes, tudo faça para alcançar o máximo só para si, sejam quais forem as consequências e os prejuízos que tal causem ao próximo, ao vizinho que se movimenta do outro lado da rua a quem não é consentido que tenha mais abundância do que aquilo que se possui neste lado. E os causadores da crise que se instalou na nossa Esfera, e que anda por aí a tentar esconder o que conseguiram arrecadar, esses são bem a prova de que os habitantes do Planeta não realizaram ainda que onde vivemos não é propriamente o tal Céu imaginado, seja qual for a religião que se professe, mas sim um local onde o Homem dispõe dos meios para tornar o terreno que pisa numa espécie de paraíso e, em vez disso, sem medir as consequências dos seus actos, sem travar os ímpetos de malvadez que não hesita em utilizar só em busca do seu próprio benefício, o que tem conseguido é ir criando um autêntico Inferno, onde a existência se apresenta cada vez mais difícil.
Esta introdução até dá ideia de tratar-se de um texto litúrgico, oriundo de uma das fés que, também os Homens, foram construindo ao longo da sua existência e que têm vindo a desenvolver e a modernizar de acordo com o progresso tecnológico que também sai das suas cabeças e das suas mãos.
Mas não é disso que se trata e tão somente uma reflezão que me surgiu ao ter analisado o comportamento de uma avalanche de cidadãos que, para comemorar um dia que decidiu dedicar ao Trabalhador, não foi capaz de se limitar a festejar uma data, procedendo de forma inversa, isto é, perdendo a cabeça com insultos e manifestações hostis contra um participante dessa comemoração. E vá lá que poderia ter sido pior, como já se tem assistido em acontecimentos semelhantes que se dão em diferentes partes do mundo, onde a destruição e a raiva são de grande dimensão.
É verdade que, seja qual for o local onde se tenha que suportar a vida de hoje, há enormes razões de queixa da maioria das populações contra o estado a que chegaram, actualmente, as situações de sobrevivência que têm de se suportar amargamente. E o pior é que não se sabe como e quando terminam as aflições em que estão envolvidos milhões de habitantes terrestres.
E, para acrescentar ainda mais sofrimento, eis que surgiu agora a chamada “gripe A”, como se não fosse bastante todo o sofrimento que paira junto da maioria da população terrestre. Recordo-me do tempo em que a ameaça de ir parar ao Inferno era um dos castigos com que a religião Católica assustava os tidos como pecadores.
É caso para perguntar: Outro Inferno? Então este não chega?

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