sexta-feira, 1 de maio de 2009

NO DIA DO TRABALHADOR



Já me referi nestes escritos às regalias que os deputados europeus obtêm pelo facto de exercerem a sua actividade em Bruxelas, conseguida por votação em cada país comunitário, onde têm de se deslocar periodicamente à sede do Parlamento Europeu. Mas não falei concretamente de valores e de outras mordomias que lhes são concedidas. Não ficaram completamente esclarecidas, portanto, as vantagens que obtêm esses “pobres” desempenhadores de funções que, em muitos casos, se resumem às viagens aéreas de ida e volta, em classe executiva, está bem de ver, e às presenças nas suas bancadas, quase sempre só a ouvir os outros interferirem nas discussões e, claro, na altura própria a terem de votar. Fora isso, o que lhes cabe é ter de dormir onde melhor escolhem e tirando partido da verba que lhes é concedida pela EU e que era, até agora, de 287 euros diários mas passou a ser de 430 euros, o que dá bem para um razoável hotel local e que, para alguns, até sobra.
Mas, no que diz respeito à remuneração, até há pouco era de 3.815 euros mensais, mas este ano subiu para 7.665 euros brutos, todos em igualdade de circunstâncias seja qual for o País que representem. Para além disso, e para que os deputados possam recuperar do esforço que fazem na sua actividade, a sede do Parlamento em Bruxelas dispõe ainda de instalações para refrescar as ideias e prestar uma qualidade de saúde superior, como seja um ginásio com “Spa” que é bem aproveitado pelos participantes do Parlamento.
E não ficam por aqui as condições faustosas que são concedidas aos mesmos deputados. A partir dos 63 anos, os membros da Instituição podem reformar-se e recebem, automaticamente, uma pensão vitalícia no valor de 3,5 por cento do ordenado por cada ano de trabalho exercido a favor da EU, após desconto facultativo, caso contrário os próprios podem optar pela pensão atribuída pela Assembleia da República, o que quer dizer que são, no nosso caso, os portugueses a suportar.
Nesta altura já os maiores partidos nomearam os seus principais representantes para estarem presentes nas próximas eleições europeias e estes encontram-se na expectativa de obter tal preferência, imagina-se que com compreensível frenesim. E não será caso para menos, trata-se de um “emprego” para quatro anos que, especialmente nesta época de tanta falta de colocação, cai como sopa no mel nos pratos dos felizardos que obtêm este privilégio.
Estive para não incluir no meu blogue este tema que provoca, como é evidente, a maior inveja a toda a classe popular que por cá labuta uma vida inteira e nunca teve possibilidade de auferir nem nada parecido com estas benesses que são concedidas aos deputados europeus. E que, sobretudo nesta altura dramática da nossa existência, em que a maioria dos portugueses se vê em palpos de aranha para conseguir suportar os seus gastos mensais mínimos, até de alimentação, tomar conhecimento do tratamento que é dado aos representantes nacionais naqueles lugares lá pela Europa, com idas e vindas semanais, e tendo-se ficado agora a saber que os custos das propagandas pagas aos partidos, pelas eleições que hão-de vir aí, são suportadas pelo Estado, ainda mais incómodo provoca este escrito.
Da minha parte trata-se, reconheço-o, de uma maldade e talvez custe a alguns perdoar-me. Mas não resisti ao vício de manter informados aqueles que me lêem diariamente.
Que me desculpem por isso. Sobretudo por sair este texto no Dia do Trabalhador.

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